Em evento da série ReVisão 2050, do CEBDS, especialistas apontam que setor privado precisa assumir papel social a partir de atuação coletiva, valor compartilhado, maior diversidade e inclusão nos negócios
Rio de Janeiro, 13 de maio de 2020 – A necessidade agora é colocar o foco dos negócios nas pessoas, para que em 2050 as empresas sejam reconhecidas e atuem como autênticos organismos sociais no Brasil. Essa foi a principal conclusão do segundo evento da série de debates ReVisão 2050, promovida pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que visa planejar e construir diretrizes de longo prazo para a retomada dos negócios pós-pandemia, acelerando a transição para uma nova economia.
Para alcançar essa visão de futuro, potencializando os impactos sociais positivos nas cadeias produtivas, empresas como Itaú e Natura – que integraram o evento – dizem que é preciso maior investimento ou participação na gestão da saúde pública, além da substituição da competição entre empresas pelo compartilhamento de ideias e tecnologias, e ainda maior promoção da diversidade e inclusão nos negócios.
“Estamos na década da implementação. Ou seja, precisamos agir agora se quisermos alcançar a visão que traçamos para 2050. Estamos falando da construção de um novo modelo de capitalismo, que tem que ter propósito e impacto positivo para as pessoas; de um novo modelo de trabalho, que está em constante transformação em razão das novas tecnologias e agora em processo acelerado de mudança em função da crise do coronavírus; e de uma nova liderança, que precisa perceber que precisamos de novos paradigmas”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS.
“As empresas têm a capacidade de colocar as ações em rede e dar escala a elas. Nesse sentido, temos muito a contribuir quando falamos de modelos de negócios, novas formas de trabalho e capacidade de liderança”, afirmou Luciana. Para a diretora global de sustentabilidade da Natura, Denise Hills, o papel social das empresas não é algo extraordinário. “Ao contrário. Deve ser a razão social das. Empresas. Para isso, é preciso que ela incorpore o impacto social aos seus resultados”, defendeu.
Conceitos como atuação coletiva, valor e responsabilidade compartilhados, e objetivos comuns foram exaltados pelos debatedores, inclusive em relação à região Amazônica. No entendimento dos participantes, a transformação da MP 910, sobre regularização fundiária, em projeto de lei, proposta ontem pela Câmara dos Deputados, será positiva porque permitirá maior participação da sociedade nesta discussão. “Sem dúvida, foi uma conquista importante”, celebrou superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú, Luciana Nicola. “Quando falamos da Amazônia, é preciso colocar 30 milhões de pessoas no centro dessa discussão. Estamos desenhando agora o nosso futuro e precisamos olhar para um modelo de desenvolvimento sustentável para fazer com que essas pessoas tenham acesso a uma melhor qualidade de vida”, afirmou a diretora global de Sustentabilidade da Natura.
Para o CEO da World-Transforming Technologies (WTT), Valdemar Oliveira Neto, a Covid-19 deve antecipar uma mudança de paradigma, que estava inicialmente prevista para acontecer em 2030. “O atual paradigma do sucesso está em xeque neste momento. Estamos caminhando para o novo paradigma do cuidado; a proposta agora é adotar as relações ganha-ganha e abandonar a lógica do ganha-perde do passado”, disse Oliveira Neto.
Um dos maiores desafios, na visão do CEO da WTT, será encontrar formas de garantir qualidade de vida para todos em um mundo baixa oferta de trabalho. “Além dos quatro setores econômicos atuais (setor primário, industrial, serviços e governo), veremos um quinto, híbrido e formado por diferentes atores da sociedade. Será a economia do cuidado. Teremos que garantir o trabalho mínimo, o cuidado com os idosos e crianças, produzir cultura e entretenimento. Temos que pensar em novas formas para garantir um mínimo de remuneração e renda”, disse Oliveira Neto.
Além dos executivos, o webinar contou com a participação de Amanda Da Cruz, coordenadora do Grupo de Trabalho sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Engajamundo. A jovem ativista levantou questões sobre formas de repensar os atuais modelos de negócios a partir das pessoas para diminuir a desigualdade social, que ficou ainda mais evidenciada com a crise do coronavírus. “Se a gente quer diminuir a desigualdade no Brasil, é preciso olhar para a educação de base e a economia tem que ser inclusiva, colaborativa e empática”, afirmou Amanda. Na avaliação dela, o exercício da cidadania é igualmente importante nesse processo de transformação. “Muitas vezes a mentalidade do brasileiro costuma terceirizar o problema. Por isso, é importante entender o nosso papel na sociedade e valorizar a nossa capacidade de promover as mudanças que buscamos”, concluiu.
O CEBDS está revisitando a publicação Visão 2050, lançada 8 anos atrás, agora sob a luz do coronavírus, e com foco na retomada de negócios e planejamento de longo prazo. Quinzenalmente, acontecem as discussões abertas entre as 60 empresas associadas, especialistas multissetoriais, e representantes do terceiro setor. Os próximos temas são Finanças, Alimentos, Energia, Biodiversidade e Florestas, Economia Circular e Cidades. A série de Webinares da Visão 2050 tem patrocínio da Vale e do Itaú, e com o apoio do SESC, Sitawi, KPMG e ERM.
DATA |
TEMA |
27/maio |
Finanças |
10/junho |
Alimentos |
24/junho |
Energia |
08/julho |
Biodiversidade e Florestas |
22/julho |
Economia Circular |
05/agosto |
Cidades |
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes. www.cebds.org. Siga-nos no Twitter ou Facebook
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