Nesta terça-feira (27), o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) debateu os compromissos ambientais do Brasil durante o Ethanol Summit – um dos principais eventos do mundo voltados para as energias renováveis, particularmente as produzidas a partir da cana, como o etanol e a bioeletricidade – promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em São Paulo.
A presidente do CEBDS, Marina Grossi, participou do painel “NDC e os compromissos ambientais do Brasil” e defendeu a centralidade da ampliação do uso de biocombustíveis para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
“Nosso país tem a grande oportunidade de tornar-se o principal player global do mercado de biocombustíveis. As condições são extremamente favoráveis”, destacou. “O CEBDS é representante do below50 na América do Sul e estamos unindo esforços para ampliar sua atuação país, apoiando iniciativas fundamentais como o RenovaBio”, finalizou.
Marcelo Furtado, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, destacou a importância do avanço do Programa RenovaBio. “Esse programa constrói uma agenda de longo prazo, essencial para o planejamento do setor e para a segurança dos investidores”, afirmou.
De acordo com o estudo Oportunidades e Desafios da NDC brasileira para o Setor Empresarial, lançado pelo CEBDS em parceria com o We Mean Business, a ampliação do uso de biocombustíveis constitui a principal oportunidade para o país reduzir as emissões no setor de transportes no curto prazo. Por suas condições, tanto em termos de clima e solo quanto pela excelência tecnológica e experiência histórica, o país deve ser o líder global natural nesse campo e impulsionar, de forma competitiva, esse mercado. Estima-se que a produção de etanol de primeira geração passe dos 29 bilhões de litros em 2014 para 51 bilhões de litros em 2030.
Outra oportunidade a ser aproveitada pelo país está na concessão de ferrovias. Esse modal reduz consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa, abrindo os caminhos para a descarbonização da economia. O impacto da troca de combustíveis também é significativo. Um veículo emite cerca de 262g CO2 por quilômetro rodado se movido a diesel e 172g CO2 se for a gasolina. Caso o veículo seja híbrido, as emissões caem para 66g CO2 – uma redução de 75% e 62%, respectivamente.
Thathyanne Gasparotto, da Climate Bonds Initiative, sublinhou as oportunidades que o Brasil ganha com a implementação de mecanismos de finanças sustentáveis. “A China está claramente liderando o mercado de green bonds, mas o Brasil tem uma carteira de ativos naturais que é incomparável com qualquer outro país. Temos atuado sempre com o CEBDS e percebemos que o setor privado está se deslocando para soluções de baixo carbono. O mercado de títulos verdes vai ser um recurso fundamental para implementar a NDC brasileira”, encerrou.
A mesa foi composta pela presidente do CEBDS, Marina Grossi; pelo diretor do departamento de Políticas em Mudanças do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), José Miguez; pelo diretor da Agroícone, André Nassar; pelo coordenador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Marcelo Furtado; pela gerente de Programas da Climate Bonds Initiative (CBI), Thatyanne Gasparotto; e pelo presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira.