“Ainda podemos fazer mais”. Com o chamado à ação, a presidente do CEBDS, Marina Grossi, lançou a nova edição da publicação “Como as empresas vem contribuindo com o Acordo de Paris”. O estudo, realizado em parceria com o CDP Latin America, mostra como as empresas incluem riscos e oportunidades climáticas em seu planejamento e investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento para reduzir e mitigar emissões de gases de efeito estufa.
O levantamento analisou 61 empresas brasileiras e multinacionais em operação no país, que representam cerca de 90% do capital comercializado em bolsa de valor no Brasil. Dessas, 22 são associadas ao CEBDS.
“O setor privado é protagonista nesta agenda de precificação de carbono e transição para uma economia de baixo carbono. É economicamente interessante e fala sobre competitividade, uma vez que temos nossa matriz energética mais limpa e assim saímos à frente em uma ‘corrida’ nesse novo cenário. Temos que aproveitar as oportunidades e combater os riscos para garantir que os negócios prosperem”, defende a presidente do CEBDS, Marina Grossi.
O diretor de economia verde do WWF-Brasil, Alexandre Prado, cobrou ações mais efetivas para conter o aquecimento em 1.5º C. “É urgente fazer mais. Se preocupar em uma produção mais limpa, preocupada com o impacto que causa no meio ambiente e nas pessoas. A crise climática é uma urgência e precisamos ser mais ágeis em agir”.
As vantagens da transição para uma economia de baixo carbono são muitas. Para a assistente técnica do CEBDS, Rebeca Orosco, o cumprimento das metas de redução de emissões previstas no agosto de Paris vai muito além de mitigar os efeitos da emergência climática global.
“No Brasil, essa mudança de mentalidade já é uma realidade: US$ 124 bilhões em impactos positivos estimados por meio do desenvolvimento de produtos e serviços, acessos a novos mercados, processos mais eficientes de produção, utilização de fontes de energia e resiliência para o negócio, entre outros fatores”, explicou.
A importância do Artigo 6 para que as empresas consigam atingir suas metas de redução de emissões, foi destacada pela Gerente Sênior de Clima do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). “É preciso governança climática e segurança jurídica para que as companhias sejam capazes de cumprir suas ambições. Precisamos avançar nessa agenda que é ambiental e econômica. Um termômetro para vermos os potenciais riscos e oportunidades é a inclusão do cálculo dos riscos climáticos no planejamento das empresas”, destacou.
A Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) é uma importante ferramenta para que as empresas otimizem suas comunicações sobre os riscos climáticos. O conjunto de orientações é uma forma de simplificar os relatos e tornar a informação mais acessível. Para o diretor da Febraban, Mario Sérgio Vasconcelos, a identificação de riscos e oportunidades é um fator a ser analisado em análises de crédito. “Os bancos precisam começar a analisar seus portfólios e identificar quais são seus projetos de baixo risco e alto risco. E para isso existe uma orientação sobre implementar as recomendações da TCFD, que contribuirão inclusive para uma narrativa uniformizada”.
Os dados utilizados no estudo seguem alinhados às recomendações da TCFD, segundo o diretor do CDP Latin America Lauro Marins. “Esse alinhamento permite uma uniformidade de dados que torna mais seguro mensurar o impacto das emissões nas companhias”.
Representante do setor empresarial, Andrew Knepp, vice-presidente de sustentabilidade da Bayer, afirma que as empresas tem responsabilidade de desenvolver negócios responsáveis. “Não estamos só preocupados em oferecer o melhor produto, mas em criar possibilidades que contribuam para o desenvolvimento sustentável. A biotecnologia é um desses caminhos, mas existem muitos outros”, defende.