Bloco temático debate descarbonização e financiamento para transição energética

Data: 26/08/2019
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O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) foi taxativo: é preciso conter o aquecimento global limitado a 1.5° até 2100. Nesse cenário, a transição energética para uma economia de baixo carbono é uma das contribuições mais efetivas do setor empresarial para cumprimento das contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês) brasileiras ao Acordo de Paris.

O tema foi o foco do bloco temático de transição energética organizado pela UNFCCC, realizada no terceiro dia da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudanças Climáticas. Três empresas associadas ao CEBDS, Siemens, Santander e Itaú, participaram dos debates ao lado de especialistas da América Latina e Caribe.

Na primeira sessão sobre Descarbonização profunda do sistema de energia, a professora da Coppe-URFJ, Suzana Kahn, destacou que é necessário não só descarbonizar o sistema, mas transformar completamente a forma como nos comportamos e oferecemos energia.

“Para nossa região descarbonizar é importante. Mas para alcançar nosso potencial de renovável precisamos de investimento e inovação. É fundamental criar caminhos de desenvolvimento e a ciência é crucial para reduzir os custos dessa transição”, afirmou.

Juan Pedro Searle, Head da Unidade de Mudança Climática do Ministério de Energia do Chile, ressaltou que a transição deve pensar no impacto social nas pessoas que trabalham nos setores mais emissores, como as termelétricas a carvão.

Henrique Paiva, diretor de sustentabilidade e relações governamentais da Siemens, afirmou que as empresas compreendem seu papel na transição energética. “O setor privado brasileiro compreende a importância de uma economia de baixo carbono. A questão é se perguntar o que é melhor para o futuro do planeta e da nossa companhia. E nossa resposta é: estar aqui daqui setenta anos. Por isso temos a meta de ser carbono neutros bem 2030”.

A segunda sessão do bloco temático abordou o financiamento para a transição energética.  Isabela Aroeira, líder de squad de finanças climáticas do Itaú, destacou que “o setor financeiro já entende que para termos um futuro devemos olhar a transição como uma oportunidade”.

“Temos uma lista de setores sensíveis às mudanças climáticas, mas não para penalizá-los e sim para ajudá-los nessa transição. E também para buscamos incentivar aqueles setores mais resilientes. A TCFD dá um bom direcionamento para fazermos essa análise”, afirmou.

O diretor executivo de Financiamento de Projetos do Santander, Giovanni Fernandes defendeu que o país está no caminho certo. “O Brasil tem um potencial enorme a partir de um arcabouço consistente para energias renováveis. Precisamos descobrir como nos certificar que o mercado veja os títulos verdes como vantajosos. Se você perguntar para um investidor na Europa se ele pagaria mais por título verde, a resposta será não. Precisamos do engajamento de todos”.