É importante termos em mente que a essência da definição de sustentável está em perpetuar o planeta, sendo diretamente associada a palavras como legado, continuidade, equilíbrio. A permanência do mundo como conhecemos depende de como conseguimos gerenciar nossos impactos. Os recursos são finitos e todos somos responsáveis por nossa preservação.
Entretanto, pode ser difícil compreender quais ações estão sendo feitas na prática que possam garantir esta continuidade. Para esclarecer esse ponto desenvolvemos este artigo, com o objetivo de apresentar a definição de desenvolvimento sustentável, que movimentos as empresas estão realizando e o papel do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) nesse contexto. Confira!
O desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem colocar em risco a capacidade de atender as gerações futuras. Por isso, conforme já citado neste artigo, a definição está vinculada aos termos “legado” e “continuidade”.
Desenvolver-se de forma sustentável, seja em pequena esfera (no contexto de uma empresa, por exemplo), ou em larga esfera (no contexto de um país), pressupõe possibilitar às pessoas, agora e futuramente, atingir um nível satisfatório de desenvolvimento socioeconômico e cultural, fazendo uso razoável dos recursos naturais de forma a não esgotá-los para as próximas gerações.
Para conquistar tais resultados é necessário planejamento, bem como o entendimento de que os recursos são finitos. Por isso, não podemos confundir desenvolvimento sustentável com crescimento econômico, uma vez que este último costuma depender do consumo crescente de energia e recursos naturais. A grande diferença deste pensamento está em promover o equilíbrio entre os objetivos de desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e a conservação ambiental.
A preocupação da comunidade internacional com os limites do desenvolvimento do planeta é uma realidade: estão sendo feitas desde grandes ações como o Acordo de Paris e os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), até ações cotidianas de empresas. Entenda melhor:
O Acordo de Paris, firmado na COP 21 (Conferência das Partes, promovida pela ONU), passou a valer a partir de 4 de novembro de 2016 e traz um compromisso e plano de ações a serem desenvolvidas pelas nações para combater as mudanças climáticas.
ODS é a sigla para Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e faz parte do documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” publicado pela ONU. O documento é composto, entre outros itens, por 17 ODS que visam a melhorar a qualidade de vida das pessoas, preservando o ecossistema e garantindo prosperidade econômica. Para mais informações, confira este artigo.
Apesar da conscientização de que as mudanças não são opcionais, mas primordiais, ainda existe a necessidade de maior adaptação do setor empresarial. Aderir ao desenvolvimento sustentável vai muito além de ser bom para o planeta: a mudança de atitudes garante a continuidade dos negócios.
Em pesquisa realizada no Brasil, dos 100 líderes empresariais dos maiores grupos corporativos presentes em diferentes setores, 99% acreditam que a sustentabilidade é importante ou muito importante para os negócios e que as empresas desempenham papel imprescindível para viabilizar a mudança de modelo. A pesquisa reforça a tese de que os grandes desafios econômicos, ambientais e sociais podem e devem ser transformados em oportunidades.
As empresas enfrentam um desafio crescente para expandir e criar valor em meio a um cenário de instabilidade e escassez no fornecimento de recursos, com elevação de custos e incertezas nos negócios.
A chave para gerir este desafio é a Economia Circular, modelo alternativo que dissocia crescimento de utilização de recursos escassos, pois possibilita o desenvolvimento econômico dentro dos limites dos recursos naturais e promove a oportunidade às empresas de inovar.
O conceito consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e otimiza o capital natural, a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, administrando estoques finitos e fluxos renováveis.
De forma mais prática, entre os modelos de negócio da Economia Circular está a extensão do ciclo de vida de produtos, que visa estender o ciclo de vida útil de mercadorias e seus componentes por meio de reparo, upgrade e revenda. Para elucidar melhor o conceito e os outros modelos de negócio propostos pela economia circular, basta acessar este documento.
Atualmente, podemos contar com muitas ações e ferramentas para a implementação de estratégias de sustentabilidade bem sucedidas nas empresas. Um exemplo disso é a valoração do capital natural que dá a dimensão de quanto custa cada ação contra a natureza e para os negócios. As instituições financeiras passaram, em diversas situações, a incorporar esse conceito quando fazem as análises de projetos que buscam financiamento, pois entenderam as repercussões dos riscos associados ao uso intensivo dos recursos naturais do planeta e seus impactos eventuais na atividade/produtividade das corporações.
Neste breve vídeo, com legendas em português, o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) explica melhor a importância da mensuração e valoração do capital natural para as empresas.
O paradigma do consumo atual: os brasileiros têm boas intenções, mas ainda compram muito.
O CEBDS dedica-se a impulsionar soluções e inovações sustentáveis no setor empresarial, além da capacitação e disseminação de conhecimentos.
Existem diversos temas e áreas importantes que são trabalhados pela organização por meio das Câmaras Temáticas (fóruns que reúnem representantes de empresas associadas ao CEBDS para construção e desenvolvimento de projetos relacionados aos grandes temas da sustentabilidade), que abarcam sete áreas prioritárias:
Muitas empresas nacionais e internacionais já começaram a gerenciar o impacto de suas atividades sobre o clima, reconhecendo, comunicando ou estabelecendo metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Algumas delas também exploram estratégias orientadas para o mercado. Mesmo com as incertezas referentes ao futuro das regulamentações e pressões de mercado, o momento atual já é suficiente para que as empresas obtenham benefícios por gerenciarem seus impactos sobre o clima.
No Brasil, o financiamento pró-clima consiste em recursos de instituições públicas, como o BNDES. Entretanto, existe a participação crescente de outros bancos e agências de desenvolvimento. O Banco do Nordeste e a agência de fomento Desenvolve SP são alguns dos exemplos.
Esse aumento de participação acontece tanto pelo repasse de linhas do BNDES, como pelo investimento de recursos próprios e participação em consórcios bancários. Grande parte do financiamento climático do país é direcionado para investimentos em projetos e tecnologias de eficiência energética e energias renováveis.
Um estudo da Carbon Trust apontou uma oferta de R$400 milhões em linhas de financiamento e instrumentos financeiros exclusivos para esta área no país.
A dinâmica do desenvolvimento sustentável aplicada aos negócios das empresas concretiza o conceito de sustentabilidade, visando à manutenção, continuidade e sobrevivência dos negócios.
Essa dinâmica afeta a reputação da empresa e, consequentemente, desempenho, aceitação ou a rejeição de seus públicos. Há empresas que assumem um compromisso com o mundo e não só repensam seus processos para torná-los amigáveis ao futuro, como disseminam essa ideia.
Nesse contexto, a comunicação e a educação são estratégicas para que as empresas comuniquem-se de forma efetiva e produtiva com seus stakeholders, além de instituições governamentais e da sociedade civil, e inspirem mudanças de comportamento rumo a um modelo de desenvolvimento mais sustentável.
As empresas podem ser agentes de mudança local, regional e até planetária, informando corretamente suas ações, atitudes e posturas em busca da sustentabilidade. É preciso que a empresa tire o foco de si e valorize a multiplicação dos aprendizados, estimulando processos que educam o outro para ajudar a construir uma realidade mais sustentável.
As instituições financeiras têm papel fundamental na construção do desenvolvimento sustentável. Apesar de gerarem um impacto direto menor, se comparados a outros setores da economia, os bancos têm a grande responsabilidade de conceder crédito e financiar empreendimentos impactantes em termos socioambientais.
Por isso, cada vez mais as instituições financeiras precisam lidar com a inclusão de critérios sociais e ambientais à tradicional avaliação econômica dos projetos. Isso faz com que a análise fique muito mais complexa e os bancos que primeiro incrementarem a sua capacidade de avaliação estarão em vantagem.
A Câmara Temática de Finanças Sustentáveis (CTFin) é um dos grupos de trabalho do CEBDS e reúne as maiores instituições financeiras do Brasil. Lançada oficialmente em 2005, a CTFin já consolidou sua posição como fonte indutora de um novo modelo de desenvolvimento, trabalhando temas de vanguarda para o setor financeiro.
A CTFin contribui para que as instituições financeiras assumam seu papel na promoção do desenvolvimento sustentável, fomentando a discussão de princípios e melhores práticas.
Há uma relação simbiótica entre o uso de recursos hídricos e os negócios. Além da dependência direta e indireta desse recurso natural essencial, algumas questões são pontos sobre os quais o setor empresarial precisa discutir e agir proativamente, como:
Um maior entendimento do papel do setor empresarial na dinâmica dos recursos hídricos é um fator importante para melhor alocação dos recursos, ganhos em eco-eficiência, diminuição de custos, aumento dos lucros e, principalmente, avanço da sustentabilidade a partir de um movimento decisivo deste setor.
Veja exemplos de investimentos em tecnologia em nove setores de alto consumo:
A biodiversidade sustenta o funcionamento dos ecossistemas dos quais dependemos para:
A sua degradação, portanto, afeta a capacidade dos ecossistemas de prestarem serviços essenciais para o bem estar humano e para os negócios.
As empresas que antecipadamente já perceberam a necessidade da mensuração do seu impacto, da sua dependência dos serviços ambientais e têm estratégias claras para utilizá-los da melhor maneira possível, estão em vantagem competitiva em relação às demais.
A Câmara Temática de Biodiversidade e Biotecnologia (CTBio) é formada por grandes empresas brasileiras e visa ajudar o setor a aproveitar novas oportunidades de mercado e minimizar seus riscos oriundos do uso da:
A CTBio acompanha e participa das Conferências das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e de fóruns do Governo Federal e da sociedade civil, como o PainelBio e a Iniciativa Brasileira de Negócios e Biodiversidade – IBNBio.
A logística é parte fundamental do processo de qualquer empresa, passando pela infraestrutura disponível até a dinâmica de contato com fornecedores e o escoamento final dos produtos. Uma malha multimodal capilarizada e com boa qualidade são fatores fundamentais à distribuição dos bens e serviços.
Entretanto, as questões de sustentabilidade devem ser consideradas nesta dinâmica. Por exemplo, a grande dependência do modal rodoviário – no caso brasileiro -, cujas rodovias não possuem um estado razoável de conservação para um país com dimensões continentais. Isso implica em:
O cenário de mobilidade urbana também apresenta sinais de defasagem. O aglomerado urbano, o baixo planejamento das vias e o transporte público escasso e de baixa qualidade vêm transformando as cidades em um ambiente caótico para o deslocamento.
O resultado é a elevação do custo de trânsito tanto para o cidadão, quanto para as empresas. Com este cenário é extremamente necessário que se torne sustentável e eficiente a rede logística e a mobilidade urbana.
O setor de Transportes é um dos principais responsáveis pelas emissões de GEE no Brasil e no mundo, em grande parte por conta da queima de combustíveis fósseis.
O Acordo de Paris converteu a promessa de redução das emissões em um compromisso legal, cujo objetivo central é manter a temperatura média global 2ºC abaixo dos níveis pré-industriais. O Brasil se comprometeu – por meio da NDC – a reduzir em 37% das emissões absolutas até 2025, necessitando assim uma força tarefa na área de transportes.
Os negócios constituem um fator significativo de impacto social na medida que:
As empresas afetam bens, capacidades, oportunidades e qualidade de vida das pessoas. Como essas pessoas são funcionários, clientes, fornecedores, distribuidores, varejistas e vizinhos, seu crescimento e bem-estar são muito importantes para o sucesso financeiro da empresa.
Atualmente, uma organização com clientes satisfeitos, cadeias de valor saudáveis, comunidades locais contentes e apoio dos governos e outros stakeholders é bem vista. Em consequência, o setor empresarial está cada vez mais interessado em medir seu impacto socioeconômico por uma série de motivos, desde a redução dos custos até a criação e aproveitamento das oportunidades.
Se quiser acompanhar mais conteúdos que apresentem os desafios e as ações em relação ao desenvolvimento sustentável no Brasil, basta acessar nosso blog!