Efeitos Colaterais do Novo Coronavírus (COVID-19) na Indústria dos Eventos

Data: 04/04/2020


Podemos e sabemos falar sobre isso.  No ano passado o CEBDS realizou mais de 40 eventos, dos mais variados tamanhos. E participou de outras dezenas. Para 2020, tínhamos a mesma proporção programada e, um em especial, a décima edição do Congresso Internacional Sustentável, que há 20 anos acontece a cada dois anos, e tivemos que cancelar. 

Mais do que um assunto em pauta por conta do COVID-19, a preocupação em realizar eventos online, mitigando as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e reduzindo custos com transportes aéreos e rodoviários, sempre foi uma preocupação do CEBDS. Ao longo dos anos temos tido a preocupação de aumentar nosso alcance e visibilidade, buscando transmitir online, quando possível, ou mesmo reproduzindo vídeos dos eventos em redes sociais após sua realização. 

Por conta da pandemia, estamos todos precisando nos adaptar à uma nova realidade. Se de um lado abraçamos causas filantrópicas para agir rápida e localmente, por outro não podemos deixar nossa agenda parar, já temos a plena certeza de que não sairemos iguais após essa crise e nunca tivemos nossos temas tão evidenciados.  O desenvolvimento sustentável será um dos pilares que nos moverão para fora dessa crise.

Aprenderemos durante a quarentena os custos das externalidades, não computados ao longo dos anos de exploração desenfreada dos recursos naturais? Conseguiremos absorver a lição? Implantaremos finalmente novos modus operandi em nossas vidas e nossos negócios.

Particularmente, posso falar sobre a indústria dos eventos, sobre a qual me dedico há mais de 20 anos. É uma indústria que, tal qual a cultura em geral, vem sofrendo os efeitos colaterais em sua renda. Muitos fornecedores trabalham por demanda e estão na berlinda com a paralisação completa dos eventos presenciais. Em geral são profissionais autônomos, sem vínculos empregatícios. E que tem agora contratos rompidos, suspensos, adiados, sem ter a mesma correspondência em seus compromissos – moradia, transporte, saúde, alimentação etc. 

Frente a esse desafio, o momento se mostra como sendo o de reunir oportunidades e fortalecer parcerias. O papel das empresas é de um valor inestimável, porque, pós-COVID-19, esses fornecedores precisarão se capitalizar, bem como as empresas necessitarão vislumbrar alternativas (sustentáveis) para executar seus eventos presenciais. Não seria a hora de honrar contratos e programar os eventos futuros? 

É preciso pensar também que a realização de eventos virtuais abrirá uma nova frente de trabalhos. O networking está sendo reprogramado. Grandes congressos já estavam se adaptando para acontecer em frentes virtuais e este momento contribui com essa intenção de ter menores deslocamentos e maior compromisso com a redução de emissões.

É provável que nossa lógica de eventos mude, se adapte a uma nova realidade, e nos traga aprendizados. Em decorrência disso, certamente virão as oportunidades, como a redução dos custos operacionais e logísticos, um maior alcance de público por meio da transmissão online , impactos positivos advindos da redução dão uso de aparelhos e infraestrutura da mobilidade urbana, melhorias da qualidade atmosférica local e redução dos impactos das mudanças climáticas em nível global, apenas para citar alguns. 

Porém, embora realizar um evento online pareça em um primeiro momento uma demanda de menos recursos, existem desafios e cuidados a serem tomados, como o planejamento de agenda e conteúdo, a seleção de palestrantes/debatedores e segmentação de público alvo, a divulgação correta e cirúrgica para a boa apreensão do conteúdo exposto, entre outros pontos.

Embora virtual, a dinâmica racional e prática do evento segue com a mesma preocupação, porém, outros conhecimentos digitais e tecnológicos serão agregados, como questões técnicas de disponibilidade de rede, segurança, edição de áudio e vídeo, etc.  Sai na frente quem souber se adaptar. Eventos virtuais surgem nesse contexto trazendo uma série de benefícios no sentido de colaborar, agregar e explorar um novo cenário que virá. Uma dica? Abrace a causa, abra-se ao novo. Todos temos a ganhar.

Informações do Autor

Sueli Mendes

Sueli Mendes é coordenadora sênior de Eventos e Projetos do CEBDS

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