O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse nesta semana durante reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que, após dois anos de crescimento, o desmatamento na Amazônia voltou a cair nos últimos três meses, apontando para o cumprimento do Acordo de Paris.
“Tão logo o presidente Temer assumiu o governo nós recompusemos o orçamento dos órgãos de fiscalização. Conseguimos mais dinheiro ainda pelo fundo da Amazônia, e hoje os últimos dados que nós temos – de dezembro, janeiro e fevereiro – mostram que a curva do desmatamento voltou a cair”, afirmou Sarney Filho. “Nós vamos cumprir sim, presidente, o Acordo de Paris”, completou o ministro, dirigindo-se ao presidente Michel Temer e à conselheira Marina Grossi.
A fala do ministro foi uma resposta à manifestação da conselheira, que preside o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Participante do Conselhão desde 2016, Marina Grossi destacou a importância da sustentabilidade ambiental para o desenvolvimento econômico.
“Já se imaginou no passado que ações econômicas relacionadas com mitigação dos malefícios dos gases de efeito estufa trariam contenção do desenvolvimento e retração econômica. Hoje sabemos que é o contrário que ocorre: sustentabilidade é uma importante alavanca para o aumento da eficiência, da produtividade e, sobretudo, da inovação”, disse a conselheira.
Ela falou do compromisso brasileiro de reduzir as emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030, tomando 2005 como base, a partir da assinatura do Acordo de Paris. “Para cumprirmos esse compromisso será preciso o firme propósito de reduzir a o desmatamento ilegal”, frisou. Na opinião da conselheira, as empresas são capazes de vencer esse desafio, mas também é necessário que o governo atue com eficiência na fiscalização e proporcione segurança jurídica na definição dos marcos legais.
Marina Grossi chamou atenção para crescimento do montante de recursos disponíveis para o financiamento da economia de baixo carbono no mundo, e argumentou que o Brasil é o país em condições mais favoráveis para atrair esses recursos. “As empresas brasileiras que já emitiram os greens bonds – títulos verdes – BRF, Suzano e Fibra, tanto internamente quanto no exterior constataram uma demanda quatro vezes maior do que a oferta, com prazos largos de sete e 10 anos”, disse
Ela reafirmou uma colocação que já havia sido feita na mesma reunião pelo conselheiro Roberto Rodrigues, de que a agricultura no Brasil se expande por meio do aumento da produtividade e não pela incorporação de novas áreas. E citou outros exemplos de que a sustentabilidade está sendo levada a sério no país. “O BNDES foi o primeiro banco de desenvolvimento a cortar os subsídios para combustíveis fósseis – o que significa importante sinalização não só do Banco, mas do Estado brasileiro”, lembrou.
Para a conselheira, a monetização dos compromissos em termos de redução de emissões é um caminho para viabilizar o cumprimento das metas que o país assumiu, além de ter outros efeitos positivos. “A precificação do carbono já não é vista apenas como um instrumento ambiental, mas também como importante instrumento fiscal, que resulta em aumento substancial de receita e que gera direcionamentos para novas tecnologias em setores da economia como energia e transporte”, comentou.
Por fim, Marina Grossi sustentou que, em paralelo às reformas que visam destravar o crescimento da economia, é necessário construir uma visão estratégica de longo prazo para manter conquistas e consolidar o Brasil definitivamente como uma potência verde.
Fonte: CDES