A pandemia do novo coronavírus fez com que empreendedores repensassem as suas rotinas e até mesmo as suas estratégias para manter o negócio ativo. As pequenas e médias empresas tiveram que rapidamente se adequar a nova realidade imposta pela quarentena e isolamento social.
Surgiram várias dificuldades, como a operação no comércio eletrônico, que não era até então uma realidade de muitos desses negócios. Em quatro a cada dez empresas brasileiras, as vendas realizadas em canais digitais correspondem a apenas 10% do seu faturamento. Para ajudar esses negócios no momento de extrema dificuldade, diversas empresas estão colaborando. Confira:
Magazine Luiza e a venda online
A Magazine Luiza está usando a sua expertise em venda online para ajudar os pequenos negócios. A companhia lançou o Parceiro Magalu. “Fizemos em cinco dias o que estava planejado para ser feito em cinco meses”, diz Frederico Trajano, presidente da Magazine Luiza.
A plataforma oferece suporte para microempreendedores individuais e empresas com faturamento até 5 milhões de reais por ano. Pelo Parceiro Magalu, os empresários podem cadastrar os seus estoques no site e no aplicativo da Magazine Luiza, o que os conectam com mais de 20 milhões de clientes da companhia.
As entregas dos produtos comercializados são realizadas pelos Correios, sem custo para o lojista, mas com cobrança por venda de uma taxa de 3,99% até o dia 31 de julho.
Braskem e a linha de crédito de R$ 1 bi
A Braskem criou uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para a compra de matéria-prima por seus clientes. A expectativa é atender ao menos mil pequenas e médias empresas. Para Edison Terra, vice-presidente para América do Sul da empresa, o limite dos empréstimos será de R$ 600 mil, com base no faturamento de cada firma, com juros no patamar da taxa básica de juros, a selic.
“Entendemos que este é um momento excepcional e nem todos estão preparados. Essa medida visa atender principalmente aos clientes com menor capacidade de crédito. Isso ajuda tanto os que estão produzindo mais com produtos plásticos para o combate à pandemia da covid-19 quanto aqueles que estejam sofrendo com a redução de demanda”, diz Edison Terra.
Segundo a Braskem essa medida é possível devido à sua disciplina em reduzir custos e aumentar o zelo nos investimentos no período de ciclo de baixa da petroquímica. “Temos condições de oferecer esse apoio aos clientes sem comprometer nosso caixa, mas gostaríamos de convidar nossos fornecedores e parceiros a participar desse esforço, fundamental para a manutenção da indústria e dos empregos”, afirma Pedro Freitas, CFO da Braskem.
Vale e a antecipação de quase R$ 1 bi em pagamentos
A Vale prevê antecipar R$ 932 milhões em pagamentos a 3 mil fornecedores até o fim de abril. Desse valor total, já foram pagos R$ 521 milhões, o que beneficiou 1.694 pequenas e médias empresas. Em março foram antecipados R$ 171 milhões. A expectativa é da injeção de mais de R$ 411 milhões na economia em antecipações de pagamentos até o fim deste mês.
“A última parcela da antecipação está prevista para o final de abril, quando se chegará ao valor total estimado de R$ 932 milhões, que reforçará o caixa das pequenas e médias empresas do país. O objetivo da Vale com esta iniciativa é usar sua presença na base da cadeia produtiva e capacidade de mobilização para ajudar os fornecedores a enfrentar os impactos da pandemia”, diz a empresa.
Coca-Cola Brasil e o fundo “Estamos nessa juntos”
A Coca-Cola Brasil e o Instituto Coca-Cola Brasil criaram o fundo “Estamos nessa juntos” com o objetivo de combater os efeitos da crise do coronavírus na atividade de catadores de material reciclável. Os recursos do fundo serão direcionados às organizações não governamentais e instituições ligadas a empregabilidade, acesso à água e reciclagem, que já trabalharam com a Coca-Cola Brasil.
A empresa está focando suas ações nas demandas emergenciais de setores profissionais e da população que estão mais vulneráveis às consequências da pandemia. Essa é a situação dos catadores de produtos recicláveis. De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, a estimativa é de que entre 800 mil e 1 milhão de trabalhadores nessa atividade teve toda sua cadeia afetada com a redução ou paralisação da coleta seletiva.
O fundo ajudará financeiramente cerca de 11 mil profissionais, cooperados e autônomos, para garantir que possam respeitar as medidas de isolamento social preservando a renda familiar. Por meio de instituições ligadas ao programa Coletivo Jovem, que leva capacitação profissional aos jovens de baixa renda, a companhia pretende combater os efeitos da covid-19 em 71 comunidades, priorizando as regiões urbanas, em maior risco durante a pandemia devido à alta densidade populacional.