A conclusão foi feita na sessão plenária “Longo Prazo e Descarbonização”, realizada no quarto dia da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudanças Climáticas. A sessão teve início com um minuto de silêncio pelas queimadas na Amazônia, que já consumiram 21 mil hectares de floresta.
A chefe de Mudanças Climáticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Amal Lee Amin, falou sobre a atuação do banco por meio de uma plataforma de descarbonização. Segundo a especialista, entre 2050 e 2070 o planeta precisa ser neutro em emissões de carbono para que seja possível manter o aquecimento global limitado a 1.5°, conforme recomendação do IPCC para segurança do planeta.
“Um mundo neutro em carbono é possível observando cinco pilares: descarbonização da geração elétrica, eletrificação da frota, melhorias no sistema de transporte público, zerar o desmatamento líquido e reflorestas, e reduzir desperdícios. É necessário estabelecer uma visão clara de que um futuro de baixo carbono traz benefícios econômicos para todos”, defendeu.
A declaração encontrou eco na fala de Patrícia Campos, representante do Ministério do Ambiente da Costa Rica. Para ela, é preciso quantificar os benefícios da descarbonização, como redução de gastos com saúde, diminuição do tempo em engarrafamentos e no número de acidentes, redução na importação de combustíveis fósseis e retomada da economia interna. A Costa Rica e o Chile são os primeiros países da América Latina e Caribe a se comprometerem a ser carbono neutro até 2050.
“A descarbonização é transversal a todos os setores do país e está no plano de desenvolvimento. Trabalhamos com várias estratégias, que englobam, entre elas, educação e cultura, reforma institucional e uma transição feita de forma justa”.
Ivan Dario, do Ministério do Ambiente da Colômbia, contou que o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são norteadores no desenvolvimento da estratégia de longo prazo do país.
“Já começamos a sentir efeitos das mudanças climáticas que estão afetando a nossa produção de café. Por isso é fundamental ter apoio dos governos, trabalhando conjuntamente com vários setores: academia, setor privado, especialistas e sociedade civil”.
Representante da Agência Alemã de Meio Ambiente, Benno Hain, reforçou que o país continua apoiando a América Latina e o Caribe em seus esforços de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e fez uma mea culpa.
“Somos conscientes de que precisamos aumentar a ambição da nossa NDC. O processo de alcançar a descarbonização até 2050 está sendo feita de maneira participativa”.
A diretora de desenvolvimento técnico do CEBDS, Ana Carolina Szklo, falou sobre a experiência do setor empresarial brasileiro na construção de estratégias de longo prazo. Ana reforçou que primeiro foi necessário dialogar com as empresas para compreender os riscos e oportunidades da NDC brasileira. “Após entender o cenários, debatemos a construção da estratégia de longo prazo nos negócios. Posteriormente, fizemos um estudo Visão 2050 que fala sobre o mundo que queremos. Esse estudo está sendo revisitado e para isso estamos desenvolvendo um processo de forma inclusiva, olhando para todas as regiões do país, e pautado na ciência”.
Conheça o estudo Estratégia de desenvolvimento de baixo carbono para o longo prazo do CEBDS.
Créditos da Foto: Correio24horas