Até 2030, quase 16 milhões de postos de trabalho podem ser perdidos no Brasil por causa da automação. O número, da consultoria McKinsey, representa 14% da força de trabalho atual do país. Problemas como desemprego, subemprego e desigualdade estão se agravando, mas podem ser relegados à história por meio do futuro do trabalho, que tem o potencial de proporcionar trabalho decente e um bom padrão de vida para a população.
Para debater os impactos da revolução tecnológica que vem promovendo mudanças aceleradas nas formas de produzir e trabalhar, o CEBDS reuniu especialistas no Quebrando Muros sobre Futuro do Trabalho. Participaram da conversa, Filippo Veglio, diretor do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), Sylmara Requena, diretora de Recursos Humanos da Siemens, Carol Romano, sócia fundadora da Maker Brands, e moderação de Igor Ferreira, diretor de learning da WeWork.
O WBCSD, conselho mundial representado no Brasil pelo CEBDS, apresenta quatro megatendências sociais que tem o potencial de afetar marterialmente a capacidade das empresas de operar, inovar e crescer. Entre os tópicos, um mundo que quer trabalhar e que enfrenta desafios como quantidade e qualidade de empregos, a natureza do trabalho e o próprio futuro do trabalho. O tema tem provocado empresas e governos a responder como garantir emprego de qualidade e crescimento econômico.
A publicação Global Talent Trends Study monstra que 75% profissionais preferem trabalhar em empresas com senso de propósito e 77% buscam um ambiente saudável e que promova o bem-estar do funcionário. Para Veglio, a pesquisa demonstra que é necessário melhorar o sistema, englobando funcionários, negócios, mercado de trabalho e mecanismos de segurança social.
“Acreditamos que as pessoas, independentemente do tipo de trabalho que realizam, aspiram a quatro elementos fundamentais: segurança financeira, bem-estar físico e mental, empoderamento e desejo de contribuir – seja pessoal, profissional ou para uma sociedade em geral. Isso parece simples, mas em um mundo em que 700 milhões de pessoas estão em extrema pobreza, 20 milhões em trabalho forçado, mais de 80% da força de trabalho dos EUA é considerada estressada no trabalho e cerca de 50% dos trabalhadores acreditam que seus empregos não têm sentido, temos obstáculos a superar”.
A diretora de Recursos Humanos da Siemens, Sylmara Requena, destaca o componente humano, que será fundamental nesse futuro do trabalho. “No século XIX, contratávamos braços. No século XX, iniciou-se a busca por cérebros. O foco do século XXI é o coração. Precisamos do ser humano completo. Essas características humanas, como criatividade, poder de improvisação, a transformação digital não traz com ela”, defende.
Mas, em um país com déficit educacional, como preparar os jovens para ingressar no mercado de trabalho? O moderador Igor Ferreira abordou as competências mais procuradas, segundo pesquisa do LinkedIn, nas quais, cinco das principais características são voltadas para a área de tecnologia. “Temos um déficit educacional grande. Apenas 40% dos formados em ensino técnico trabalham em sua área de formação, por exemplo. Como podemos endereçar esses problemas? Como as empresas podem cobrir esse gap?”.
Sylmara defende a importância da parceria com as universidades e a necessidade de investimento em educação. “Tudo o que fazemos no tripé da sustentabilidade é voltado para educação. Educação é o que move. Temos que trabalhar com as pessoas sabendo fazer perguntas. No Brasil, existe aquela história de se preparar para a entrevista com o que o entrevistador que ouvir. É fundamental ser você mesmo, pois queremos quem complemente. A população precisa estar pronta para somar e a universidade é uma parceira importantíssima”.
Carol Romano destaca o desenvolvimento de características mais humanas. “Quem teve aula de educação ou alfabetização emocional? Aprendemos isso porque somos humanos. É necessário envolver o colaborador, para que ele goste do que faça e se sinta fazendo parte do resultado. As empresas que entendem que são plataformas de aprendizado são as empresas do futuro”, acredita.
Na mesma linha, Veglio chama a reflexão. “Se as pessoas são os principais ativos da empresa, então porque nos balanços estão sempre na linha de custo?” E sentencia: “O futuro do trabalho não é sustentável sem pessoas”.
Para assistir o debate na íntegra, acesse aqui.