Para que a sociedade esteja mais preparada para enfrentar as mudanças climáticas, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces/FGV), lançou uma ferramenta inédita. Realizada com o apoio da Universidade de Oxford (Inglaterra), da Embaixada Britânica e do Observatório do Clima, ela apresenta um passo a passo simples e didático para que instituições de diferentes setores possam utilizá-la quando forem elaborar suas ações de planejamento e de gestão, considerando eventuais impactos provocados por mudanças climáticas. Para utilizá-la, basta acessar este link e fazer o download clicando no item Ferramenta.
No início, a área ‘Entendendo o Clima’, apresenta subsídios para que o usuário consiga elencar as mudanças climáticas já identificadas na região. A ferramenta apresenta ainda abas de apoio para identificação dos cenários climáticos previstos para cada região do país, e ainda apresenta opções de ações de adaptação e critérios para priorizar as ações mais importantes a serem tomadas, os riscos e oportunidades das alterações do clima e quem são os atores que precisam ser envolvidos no processo.
“Ainda temos muitas instituições que nunca incluíram as mudanças climáticas nos seus planejamentos e essa ferramenta irá preencher essa lacuna, oferecendo uma visão completa do que precisa ser levado em consideração para auxiliar as comunidades no enfrentamento dos impactos da mudança do clima”, destaca Juliana Ribeiro, analista de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, uma das instituições que auxiliaram no desenvolvimento da plataforma.
Plano de adaptação a mudanças do clima
Ribeiro ressalta ainda que ações como essa são fundamentais para complementar os esforços públicos na adaptação às mudanças do clima, como o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), elaborado pelo MMA que busca promover a redução da vulnerabilidade nacional associada a esse fenômeno. Atualmente o PNA está em processo final de elaboração no governo federal, com base nas informações colhidas em consultas públicas realizadas.
Um exemplo prático de como utilizar a ferramenta seria em cooperativas de turismo que trabalham com opções de roteiros em áreas naturais. No Paraná, por exemplo, , a previsão é que as mudanças climáticas gerem ondas de calor mais fortes e chuvas mais intensas e frequentes. “Diante desse cenário, a ferramenta permite a inclusão dessa nova realidade na hora de planejar um projeto de turismo que evolva passeios de barco, por exemplo, já que o cenário de mudança do clima nesta região prevê que mais tempestades intensas podem ocorrer com mais frequência, provavelmente reduzindo o número de dias que poderão utilizar o barco, ou diminuindo a segurança do passeio, portanto, devem ser previstas medidas alternativas quando os barcos não puderem sair, ou então previstas ações de segurança dos turistas, bem como informar os clientes sobre os cuidados que devem ter com as temperaturas elevadas”, explica Juliana.
Ambientes naturais equilibrados facilitam adaptação
A Fundação Grupo Boticário sugeriu a inserção da Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE) na plataforma, para estimular que as instituições também levem em consideração os serviços ambientais prestados pelos ambientes naturais equilibrados (produção de água, alimento e proteção do solo) como ferramenta para minimizar os efeitos das alterações do clima.
“Por exemplo, uma cooperativa ou pequeno comércio que tenha sua sede em uma comunidade ribeirinha, pode considerar conservar e restaurar florestas ciliares para reduzir o impacto das enchentes na região”, explica Juliana. A adaptação baseada em ecossistemas tem ganhado força nos últimos anos, principalmente após ser discutida na 21º Conferência do Clima das Nações Unidas (COP21) em dezembro do ano passado.
Além da Fundação Grupo Boticário, a iniciativa contou ainda com o apoio de outras sete instituições: Engajamundo, Iclei, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, SPVS, WRI, WWF e Habitat para a Humanidade Brasil. Com exceção desta última, todas as ONGs fazem parte do Observatório do Clima, rede que atua na agenda climática brasileira.