Na manhã dessa quarta-feira (19), a Iniciativa Empresarial em Clima (IEC) promoveu, em São Paulo, um encontro para debater temas que serão discutidos na Conferência das Partes da ONU (COP22), que acontece de 7 a 18 de novembro em Marraquexe, no Marrocos. A Contribuição Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês) brasileira e os desafios e caminhos para sua implementação foram os pontos mais debatidos no encontro.
O diretor do departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago, apresentou as metas estabelecidas na NDC para os diferentes setores produtivos, como a utilização de novos padrões de tecnologias limpas e medidas de eficiência energética para o setor industrial, utilizando como uma de suas referências o estudo desenvolvido pelo Conselho de Líderes do CEBDS, “Consumo eficiente de energia elétrica”.
“O nosso país foi um dos poucos em desenvolvimento a apresentar uma meta de redução absoluta de emissões. A nossa NDC é ambiciosa e contamos muito com a contribuição privada para o seu cumprimento”, destacou Santhiago. O diretor do MMA também ressaltou também que o setor empresarial tem se mostrado muito engajado para ajudar o Brasil a alcançar as metas da NDC, com forte apoio da sociedade civil e intensa articulação entre os ministérios no governo federal.
O Brasil tem uma série de desafios pela frente, entre eles, alavancar instrumentos inovadores de financiamento das atividades sustentáveis,, como sustentou a diretora de Precificação de Carbono da Carbon Disclosure Project (CDP), Nicolette Bartlet. “É imprescindível monetizar os riscos climáticos para que o setor financeiro torne-se parte integrante da mobilização pela descarbonização da economia”, apontou.
Nicolette Bartlet destacou que a precificação de carbono está presente em mais de 50% das NDCs apresentadas pelos países que ratificaram o Acordo de Paris, o que poderá impulsionar ainda mais a descarbonização da economia mundial. “Para o sucesso do mercado de carbono global, sugerido pelo artigo seis do Acordo, é preciso trabalhar para garantir a demanda de créditos e não tanto a sua oferta. O Acordo de Paris veio com uma abordagem bottom-up e a precificação de carbono global virá da mesma forma. Cada país precisa fazer o seu”, encerrou.
No Brasil, salientou a diretora do CDP, o setor privado tomou a frente das iniciativas para implementação do mecanismo de precificação de carbono. “É importante que o país aprenda com as lições de mercados que enfrentaram dificuldades, como o europeu e o da Califórnia”, alertou.
De acordo com a assessora técnica do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Lilia Caiado, o encontro promovido nesta quarta-feira faz parte de um conjunto de ações que visam preparar o setor empresarial para participar da COP 22. “Passados todos os trâmites necessários para ratificar o Acordo de Paris no Brasil, nossa prioridade agora é preparar as empresas para contribuir com a implementação da NDC brasileira e trabalhar pelo avanço da agenda de precificação do carbono no país. E para isso é fundamental acompanhar o debate realizado no âmbito das COPs”, explicou.
A IEC é formada pelo CEBDS, CDP, Instituto Ethos, Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVces), Carbon Disclosure Project (CDP), Pacto Global Rede Brasil e Envolverde.
Nicolette Bartlet, diretora de Precificação de Carbono do CDP, participou da reunião trazendo os avanços do cenário de precificação e as oportunidades para o Brasil.