Mônica De Bolle defende saneamento básico como “mola propulsora” da retomada

Data: 11/05/2020
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Em debate no Conselho de Líderes do CEBDS, a economista aponta eixos principais que irão movimentar a economia pós pandemia

Rio de Janeiro, 07 de maio – Um dia depois do IBGE divulgar que há 18,4 milhões de pessoas sem água e esgoto no Brasil, a economista Mônica de Bolle, pesquisadora-sênior do Peterson Institute for International Economics e professora da School for Advanced International Studies na Johns Hopkins University, defendeu em reunião com CEOs das maiores empresas do Brasil, que investimentos em infraestrutura, em especial em saneamento básico, será a “mola propulsora” para a retomada dos negócios pós pandemia. Para uma plateia (virtual) de 140 representantes de empresas como Eletrobrás, Shell, Michelin, Suzano, Schneider, Alcoa, Nestlé, Vale, DSM, Bayer, Vivo, Neoenergia, Santander, Iguá Saneamento, entre outras associadas do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), ela elencou além da infraestrutura, a necessidade da proteção social e o protagonismo da sustentabilidade como o tripé para garantir os negócios na retomada que, segunda ela, deverá se dar em forma de “ziguezague”

“Como os países estão lidando com esses três eixos é decisivo para a saída da crise”, disse.

Monica destacou que investimentos em infraestrutura geram milhões de empregos e movimentam diversos setores, como construção civil, por exemplo, e toda uma extensa cadeia de fornecedores, cuja manutenção deve estar no foco da prioridade das grandes empresas no atual momento. No que tange a proteção social, Monica acrescentou que países que estão conseguindo disponibilizar uma renda básica para autônomos e pessoas que estão no trabalho informal, tem obtido resultados positivos no isolamento social. Já sobre a agenda do desenvolvimento sustentável, ela destacou que “a sustentabilidade entrou para ficar na pauta dos investidores e a pandemia veio acelerar a urgência de alguns temas que já vínhamos discutimos há bastante tempo”.

O encontro por meio de videoconferência com CEOs e alta liderança de empresas associadas ao CEBDS e convidadas externas, com Febraban e CNI, foi o primeiro de uma série que o CEBDS está promovendo a fim de construir caminhos para a retomada dos negócios depois da quarentena e o planejamento de longo prazo do setor empresarial brasileiro. Este aconteceu no âmbito do Conselho de Líderes que reúne a alta liderança das empresas e traça estratégias para viabilizar a transição para uma nova economia de baixo carbono.

O CEBDS ainda realiza uma série temática quinzenalmente para tratar da agenda do desenvolvimento sustentável para os próximos 30 anos, convidando para debates representantes do setor empresarial, instituições financeiras, sociedade civil, terceiro setor e especialistas do mundo acadêmico. Essa série integrará uma nova edição da publicação Visão 2050, que foi lançada na época da Rio + 20 e está sendo revisitada sob a luz da pandemia. Para contribuir com a Visão 2050, acesse aqui.

“Nunca foi tão importante pensar no longo prazo. É na resiliência dos nossos negócios e na aceleração da transição para uma nova economia que estão as principais soluções para sair dessa crise, priorizando impactos sociais positivos”, ressaltou Marina Grossi, presidente do CEBDS.

Ao longo de uma hora e meia de diálogo com as empresas, Monica ainda ressaltou que o amparo às populações vulneráveis no Brasil isso vem sendo feito com o auxílio emergencial de três meses, disponibilizado pelo Governo Federal. “Mas ao que tudo indica, esse tempo deverá ser prorrogado, para garantir que esses trabalhadores fiquem em casa e diminuam a curva do contágio no país”. Em sua análise ela lembrou que a “essa crise não é de natureza econômica no ponto de partida e sim de saúde pública”. Isso, segundo ela, impacta os cenários econômicos futuros e por isso a necessidade do planejamento de longo prazo. “Não teremos uma retomada linear da economia, mas sim um movimento em ziguezague, com quarentenas intermitentes, com relaxamento das medidas sanitárias e reimposições até conseguirmos zerar o contágio pelo coronavírus”, afirmou.

No próximo dia 13 de maio, às 8h, o CEBDS realiza um webinar temático para discutir desigualdades sociais e o impacto social dos negócios, com participação do Engajamundo, Itaú, Natura e World-Transforming Technologies.