Natura mostra como empresas podem agir no combate à violência contra mulheres

Data: 26/10/2020
Autor:


A pandemia de coronavírus agravou a situação da violência contra a mulher no Brasil e no mundo todo. O fato de estarem mais em casa devido ao isolamento social, a crise econômica e o estresse fizeram com que o número de denúncias de violência contra a mulher aumentasse 40% no país, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. De olho no problema e tomando como exemplo os países aonde a pandemia chegou primeiro, a Natura e o Instituto Avon, parte do grupo desde janeiro deste ano, criaram um movimento para alertar sobre o aumento dos casos e dar suporte às vítimas. O tema foi explorado com empresas associadas ao Cebds e a vice-presidente de Comunicação, Marketing e Sustentabilidade da Natura, Andrea Alvares, nesta segunda-feira (dia 26/10) na reunião sobre ações voltadas ao enfrentamento da Covid-19. O papel que as empresas podem ter para ajudar neste cenário foi um dos pontos enfatizados na conversa. 

Marina Grossi, presidente do CEBDS, abriu o encontro falando de como o problema, já grave num país como o Brasil, tornou-se ainda pior com a  quarentena. Andrea Alvares fez uma apresentação sobre como a mulher ao longo dos séculos foi vista como um ser menor e como propriedade dos homens e com isso foi construída uma cultura machista e opressora. 

“Estávamos atentas ao aumento da violência contra a mulher nos países em que a Covid-19 se instalou primeiro. Na China, triplicou o número de casos. Na Europa, duplicou. Temos uma rede enorme de mulheres: são 6 milhões de consultoras e representantes no mundo todo; e com isso um poder de mobilização imenso. Foi a partir disso que criamos aqui no Brasil o movimento ‘Isoladas sim, sozinhas não’, com a divulgação de uma hashtag com este nome e um vídeo que começava com um tema bem feminino, como uma aula de maquiagem, convidada a mulher a colocar seus fones de ouvido e a partir daí dava dicas de como agir ou se prevenir em casos de violência”, contou Andrea. #IsoladasSimSozinhasNão

Participação dos homens é fundamental

Foram criadas, então, uma grande campanha de conscientização e uma infraestrutura de apoio para as vítimas. Além disso, inaugurou-se um novo canal de atendimento psicossocial, batizado de Tina, para atendimentos, acolhimentos e orientações às mulheres, por meio de uma assistente social especializada, também advogada.  Andrea disse que esta é uma solução fácil e viável, que pode servir de modelo para outras empresas. Segundo ela, uma coalizão de empresas já foi formada para disponibilizar linhas de atendimento às suas funcionárias. Andrea enfatizou ainda a importância de se trazer os homens para este processo: “Os agressores precisam de ajuda e de atendimento. Claro que devem ser afastados de sua vítima. Mas acreditar que o sistema prisional vai resolver o problema não é a melhor solução.”

Malu Paiva, Diretora Executiva de Sustentabilidade na Suzano, explicou como pretende integrar o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes à luta para reduzir os casos de violência contra a mulher. Andrea resumiu a iniciativa: “Quando se salva uma única mulher, salva-se também toda a geração que vem depois. Separar as crianças de uma casa violenta é uma libertação para os mais novos. É assim que vamos evitar a reprodução da violência.”

Marly Parra, observadora do Conselho de Líderes do CEBDS, defendeu uma retomada gradual da economia, com base em protocolos rígidos para as atividades, principalmente de creches e escolas, pensando em como a mulher acaba sendo mais exigida e sacrificada na quarentena.

Saiba mais:

Natura se une ao podcast Mamilos para reforçar luta contra violência. Assista à minissérie com 5 episódios : https://www.b9.com.br/shows/mamilos/

Documentário “The mask you live in” trata da questão de como o machismo está enraizado na sociedade e como a participação dos homens é importante para mudar a realidade: https://www.youtube.com/watch?v=nNX6-a9ai4k

Baixe documento da Natura e  ONU Mulheres com recomendações para a pandemia:
https://static.rede.natura.net/html/home/v37/img/isoladas-sim-sozinhas-nao.pdf