G7, o mercado de carbono e o caminho para Glasgow

O grupo dos sete países mais ricos do mundo, o G7, se reuniu em junho para tratar de temas importantes como vacinas, controle de pandemias e a emergência climática. Do encontro, saiu uma declaração conjunta que reforçou o compromisso de zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050, mas com redução coletiva da metade até 2030 – meta já anteriormente assumida pelos Estados Unidos de Joe Biden na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, em abril. Juntos, os países membros do G7 – EUA, Reino Unido, Canadá, Japão, França, Alemanha e Itália – são responsáveis por 20% das emissões globais de carbono. 

Os países ressaltaram a necessidade de cooperação internacional para redução das emissões, com o financiamento de tecnologias mais limpas nos países em desenvolvimento: a ideia é mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2025 para ajudar os países pobres a reduzir as emissões. Também enfatizaram a urgência de eliminar o financiamento para projetos de geração de energia a carvão que não disponham de tecnologias para captura e armazenamento de carbono. Outra tema abordado no encontro foi a necessidade de a retomada econômica pós-pandemia ser pautada por uma reconstrução verde e uma mudança radical na abordagem da infraestrutura, além de viabilizar a proteção e conservação de pelo menos 30% das terras e oceanos até 2030. Os compromissos assumidos na cúpula de Biden e reforçados na reunião do G7 vão pavimentar a estrada para a COP26, em Glasgow, Escócia.

O mundo já experimenta os efeitos adversos das mudanças climáticas: o Hemisfério Norte enfrenta agora um verão de extremos, com temperaturas atingindo 46º C no Canadá. Em 2020, a ONU reconheceu, pela primeira vez, a existência de refugiados climáticos e estima que nos últimos dez anos, 21,5 milhões de pessoas tiveram de deixar seus locais em razão de eventos climáticos extremos – os deslocamentos relacionados ao clima são mais que o dobro dos provocados por conflitos, de acordo com a Acnur, a Agência da ONU para Refugiados. 

Isso deixa claro que os esforços governamentais e não governamentais para cumprir o Acordo de Paris e evitar que a temperatura global se eleve acima de 1,5ºC são a grande tarefa que temos à frente, junto com a recuperação da pandemia de covid-19. Essa agenda é cara ao CEBDS: 31% de nossas associadas estão comprometidas com a neutralidade de emissões até 2050, e o combate ao desmatamento ilegal é uma bandeira: se o país reduzir a zero, cumpriremos 80% do nosso compromisso assumindo no Acordo de Paris, com uma redução de 43% nas emissões de gases de efeito estufa. 

No CEBDS, temos reforçado ainda o potencial das soluções baseadas na natureza (SBN, na sigla em inglês) e da precificação do carbono. A adoção de ambas as soluções traria grandes vantagens competitivas ao Brasil: as SBN podem entregar 37% da redução de emissões necessárias até 2030 para evitar um aquecimento global de 2ºC, mas soluções precisam ser implementadas nos próximos 10 a 15 anos e o Brasil, sozinho, tem 20% das oportunidades em NBS e clima, especialmente em reflorestamento, manejo de solo e agropecuária. 

Desde 2017 o CEBDS atua na estruturação do mercado de carbono doméstico, e este ano engajamos nossas associadas em uma proposta ao PL Nº 528/21, que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) e regulamenta o mercado de créditos de carbono no Brasil – 47 empresas associadas receberam as considerações de nossa Task Force de Mercado de Carbono, sendo que dez companhias nos retornaram com sugestões incorporadas à nossa consolidação final. Acreditamos que a precificação de carbono será um dos grandes temas de Glasgow e o setor privado brasileiro quer dar sua contribuição efetiva para que isso se torne uma realidade brevemente no país, colocando o Brasil na rota de uma economia circular, de baixo carbono, regenerativa e inclusiva.

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