Industrialização Inclusiva X Negócios

Por Karen Pegorari Silveira

Marina Grossi, presidente do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, comenta o que ajuda uma indústria a ser realmente inclusiva e sustentável.

Para ela, não há uma receita a ser seguida, mas proteger o meio ambiente e erradicar a pobreza são iniciativas primárias, porém essenciais para que uma empresa seja considerada inclusiva.

Leia Mais na íntegra da entrevista:

O Objetivo do Desenvolvimento Sustentável nº 9 cita a industrialização inclusiva. Por que este item é importante para o Desenvolvimento Sustentável dos países?

Marina Grossi – A meta 9.2 do ODS 9 se relaciona a “promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participação da indústria no setor de emprego e no PIB, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar sua participação nos países menos desenvolvidos”. É sabido que a infraestrutura básica – como estradas, tecnologia da informação e comunicações, saneamento, eletricidade e água – permanece escassa em muitos países em desenvolvimento, limitando o acesso aos cuidados de saúde e à educação, por exemplo. Assim, o desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável se coloca como uma relevante fonte de geração de renda e permite o rápido e sustentado aumento dos padrões de vida das pessoas.

Quais ações tornam uma indústria efetivamente inclusiva?

Marina Grossi – Na verdade, não há uma receita a ser seguida. Cada indústria deve ser avaliada individualmente, pois as ações variam, por exemplo, de acordo com o tipo e tamanho da indústria. Segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), uma indústria inclusiva e sustentável deve proteger o meio ambiente, erradicar a pobreza e criar prosperidade compartilhada, por meio de parcerias. Assim, as ações das indústrias precisam estar alinhadas a estes princípios para que estas sejam consideradas inclusivas. Certamente, elas também precisam pensar em políticas que promovam a inclusão nos seus respectivos quadros de colaboradores, bem como em suas cadeias de valor.

Como as indústrias podem engajar seus stakeholders nesta meta?

Marina Grossi – O engajamento dos stakeholders pode se dar de inúmeras formas. Uma das maneiras é via ações diretas com a cadeia de valor de uma dada indústria, podendo-se iniciar no processo de elaboração da matriz de materialidade. Este processo oferece subsídios para identificar os elementos realmente significativos para a empresa e para o seu setor de atuação segundo a perspectiva da sustentabilidade. A metodologia da materialidade, logo, ajuda a direcionar o conteúdo do relatório de prestação de contas e de outros canais de comunicação, ao mesmo tempo em que propicia uma oportuna análise sistêmica sobre a companhia, tornando-se uma poderosa ferramenta auxiliar para a boa gestão. Dessa maneira, a indústria deve focar nos temas apontados no processo de materialidade, de modo a engajar os stakeholders, extraindo informações relevantes ao negócio.

Quais os benefícios para as indústrias que integrarem as metas do Objetivo 9 em sua estratégia?

Marina Grossi – O mundo enfrenta desafios econômicos, sociais e ambientais concretos e os ODS representam o conjunto de prioridades, pactuadas globalmente, que devem ser adotadas para superarmos esses desafios, eliminarmos a pobreza extrema e colocarmos o mundo em uma trajetória sustentável. Neste contexto, o setor industrial é peça chave e tem muitas responsabilidades. Estar alheio a estas questões é um negócio cada vez pior. Em termos práticos, a indústria já possui amplo conhecimento e tecnologias para viabilizar uma economia sustentável, mas é a implementação das metas dos ODS que irá promover parcerias e dar escala às boas práticas. E aí está a oportunidade para as empresas líderes mostrarem de que maneira ajudam no avanço do desenvolvimento sustentável.

Para as micro e pequenas indústrias, quais ações iniciais podem ser implantadas para que elas tenham um futuro inclusivo e sustentável?

Marina Grossi – As ações variam muito de acordo com a área de atuação da indústria. Porém, o primeiro passo, é entender a importância da agenda 2030 e interligar as estratégias empresariais com as prioridades globais, exercício que implica análise de risco e decisão estratégica. Assim, para orientar o setor privado nesta direção, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a Rede Brasileira do Pacto Global e o GRI lançaram a versão brasileira do Guia dos ODS para as Empresas (SDG Compass, em inglês).

Entrevista publicada originalmente no site FIESP em 30 de maio de 2017.

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