Para entender as Soluções Baseadas na Natureza

Em fóruns internacionais, ouvimos muito dizer nas Soluções baseadas na Natureza (SBN, ou Nature-based Solutions NBS, em inglês), um termo de ampla definição que, assim como diversos outros na área da sustentabilidade, tratam de conceitos já conhecidos porém com outra roupagem. As SBN consistem em “ações para proteger, gerenciar de forma sustentável e restaurar ecossistemas naturais ou modificados, que abordem os desafios da sociedade de forma eficaz e adaptativa, proporcionando simultaneamente benefícios para o bem-estar humano e a biodiversidade”, segundo a International Union for Conservation of Nature (IUCN). A organização classifica-as em cinco categorias:
1. Restauradoras (restauração ecológica, restauração da paisagem florestal e engenharia ecológica);
2. Por objetivo (adaptação e mitigação baseada no ecossistema; redução de risco de desastres com base no ecossistema; serviços de adaptação climática);
3. Infraestrutura (infraestrutura natural e infraestrutura verde);
4. Gerenciamento (gerenciamento integrado de zonas costeiras e gestão de recursos hídricos);
5. Proteção (abordagens para gerenciamento de áreas de conservação ou outras medidas de conservação por imobilização de área).

Com todos os benefícios que geram, as SBN tiveram um espaço especial na Climate Adaptation Summit deste ano, uma conferência que trouxe líderes globais e locais em torno do tema da Adaptação Climática (confira (confira aqui). O painel contou com representantes de todos os continentes do setor público e privado e representantes da sociedade civil.

Iniciativas globais

Inger Andersen, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alertou que ainda estamos em estágios muito iniciais de implementação com relação à adaptação. Lembrou que os impactos mais severos recairão sobre os mais pobres e que precisamos de maiores financiamentos antes da COP26, e afirmou que “não podemos pagar a derrota desta corrida”.

O Ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, Jonathan Wilkinson, informou a participação do país junto a outros países e órgãos multilaterais no Centro Global de Adaptação (GCA), que desenvolveu uma ferramenta chamada NBS Action Track (veja mais aqui).

Representante do México, a Dra. Maria Amparo Martinez, do National Institute of Ecology and Climate Change, salientou a importância das SBN na recuperação econômica pós-covid pois tratam de soluções regionais para áreas essenciais na criação de sociedades mais saudáveis e resilientes: gestão de riscos e desastres, manutenção da biodiversidade, incentivo ao conhecimento científico e tradicional, equidade de gênero, justiça ambiental e segurança alimentar. Ainda, chamou atenção para inserção das SBN dentro das metas estabelecidas no Acordo de Paris, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, em inglês), da qual o México realizou.

Quem reforçou este recado foi o Dr. Patrick Verkooijen, do GCA, que informou que há grandes oportunidades financeiras a serem exploradas: a cada um dólar investido em SBN, o retorno é de dez dólares, porém apenas 3% do financiamento global em mudanças climáticas destina-se às SBN. Ainda, apenas 3% das empresas reportam as SBN como parte de sua estratégia de adaptação climática.

Indígenas são atores-chave

A visão holística do que a sociedade moderna vê como o meio físico, biótico e antrópico precisa ser resgatado em prol do combate à crise climática, e ninguém melhor para falar sobre do que representantes de comunidades indígenas e tradicionais, que possuem como estilo de vida a própria implementação das NBS, há muitas gerações. No painel, os representantes indígenas Regino Montes, do México, e Mandy Gull, do Canadá, afirmaram que todas as soluções devem ser intrinsecamente interligadas à cultura e à garantia aos direitos humanos para que protejam grandes aliados para sua preservação e conhecimentos em manejo sustentável. A implementação efetiva dos NBS deve integrar toda a comunidade local, diretriz também mapeada pelo Guia 10 Princípios Empresariais para uma Amazônia Sustentável.   

Financiamento e escalabilidade

O principal obstáculo citado por diversos painelistas foi a falta de conhecimento técnico de investidores para analisar impactos climáticos de negócios, para conseguir basear sua tomada de decisão e alocação dos recursos financeiros. Veronica Scott, da grande seguradora Swiss Re, visualiza como cenário ideal que as SBN permeiem todas as áreas, desde ferramentas até índices, integrando-se em todas as atividades convencionais. Portanto, o compartilhamento de conhecimentos e experiências é tido altamente necessário, em conjunto com compartilhamento de riscos e incentivos financeiros, governança e regulamentações.

E no Brasil? Sozinhos, nós representamos 20% das oportunidades globais em NBS com importante participação do reflorestamento, manejo de solo e agropecuária. O que significa que podemos ser uma referência de implementação de SBN no mundo!

Saiba mais sobre oportunidades e barreiras no financiamento de SBN em nosso artigo.

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