Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são marcados por momentos inesquecíveis em que atletas se encontram a cada quatro anos numa nova oportunidade de entrar para a história dos esportes. Seja nos gramados, nas quadras, no tatame ou nas pistas, competidores realizam feitos memoráveis, alcançando recordes, trazendo prestígio e alegria às suas nações.
Assim como os desportistas, o país sede dos Jogos Olímpicos também tem uma oportunidade singular para mostrar ao mundo um pouco de sua cultura e capacidade de ser um bom anfitrião. Para o Brasil, é a chance de apresentar ao planeta nosso nível de organização, modernidade e eficiência administrativa, bem como nossa capacidade de coordenar um megaevento. E o que essa celebração esportiva tem a ver com sustentabilidade? Muito! Você vai entender ao longo desse texto.
O conceito das Olimpíadas está mais ligado às práticas sustentáveis do que pensamos. Além das competições em si, o Movimento Olímpico está permanentemente trabalhando com diversos países, pregando valores como a busca da prosperidade para todos, a importância do investimento em práticas sociais e em inovação, o trabalho em equipe e a harmonia entre as nações.
São conceitos cruciais para que seja possível desenvolver um modelo global e viável de crescimento econômico aliado ao ambiental e social, ao qual chamamos de Sustentabilidade. Por exemplo: sem recursos financeiros é impossível fomentar investimentos no campo. Sem atividade física, não há como atingir uma saúde plena. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o avanço científico – inovação – é indispensável para repensarmos maneiras de gerir recursos.
Contudo, é muito difícil aplicar o desenvolvimento sustentável de forma parcial: por mais que exista um esforço de conscientização em um país ou grupo de países em prol da adoção de práticas sustentáveis, esse trabalho precisa ser realizado a nível verdadeiramente global para que produza resultados tangíveis. E isso demanda diálogo, compreensão, boa-vontade, respeito e confiança mútua. Valores que o Movimento Olímpico prega ao redor do mundo há mais de um século.
Como você pode notar, não cito a sustentabilidade apenas do ponto de vista dos cuidados com o meio-ambiente. É claro que essa questão está no núcleo desse pensamento, pois é próprio do trabalho humano transformar a natureza. Mas não se trata apenas da preocupação ambiental óbvia que o tema suscita. A Sustentabilidade vai muito além disso. Trata-se, também, de colocar a perpetuação da prosperidade e do desenvolvimento social num pódio onde só existe o primeiro lugar.
Nesse sentido, há uma modalidade em que já podemos nos considerar vitoriosos antes mesmo da pira olímpica ser acesa: a implementação de práticas sustentáveis no evento. Na verdade, essa “medalha” foi garantida ainda em outubro de 2009, quando a Cidade Maravilhosa ganhou a honra de promover os Jogos com uma candidatura sustentável, aliando a preocupação com a utilização dos recursos do planeta aos empreendimentos locais e benefícios que o evento trará à comunidade. E já podemos afirmar que estes são os Jogos mais sustentáveis de todos os tempos.
A realização de um megaevento exige a utilização de muitos recursos humanos, financeiros e naturais do país anfitrião. Há uma grande demanda por água, energia e matéria-prima para as obras de infraestrutura e execução da competição propriamente dita, desde as disputas até o alojamento dos atletas. Por isso, o planejamento dos Jogos Olímpicos Rio 2016, sob o ponto de vista ambiental, foi construído sobre três pilares: uso eficiente de recursos, baixa emissão de carbono e gestão de resíduos.
A Rio 2016 deu um grande exemplo neste sentido. Sua sede foi concebida como uma estrutura temporária à base de contêineres, para abrigar até 2,4 mil pessoas. O prédio conta com sistema de aproveitamento de águas da chuva e um sistema de iluminação com 2,9 mil luminárias de led da GE, que economizam até 90% da energia. O sistema de ar condicionado reduz o gasto de energia em até 50% e permite o controle de temperatura por zona. Também faz parte do projeto a utilização de placas de captação de energia solar.
É evidente que o planejamento não é garantia de sucesso. Entretanto, já é um grande salto colocarmos essa trinca de conceitos como diretrizes de um evento com a dimensão dos Jogos Olímpicos. Cabe a nós – representantes de empresas, governo e sociedade – reivindicarmos que essa lógica esteja inserida em cada empreendimento público ou privado sempre, quer os holofotes do mundo estejam sobre nós como durante os Jogos ou não.
Como disse anteriormente e já é sabido de muitos, a sustentabilidade vai muito além da questão ambiental. É uma forma equilibrada de gestão de recursos que permite o desenvolvimento econômico-social e a manutenção saudável do planeta. Portanto, o apoio do governo e das empresas às iniciativas de acessibilidade, inclusão social, saúde e inovação representa uma prática sustentável imprescindível. Dentro das possibilidades apontadas nesse contexto, poucas ações conseguem ser tão inclusivas, acessíveis, inovadoras e saudáveis quanto o esporte.
Promover os Jogos Olímpicos e Paralímpicos é uma grande oportunidade para gerar investimentos no país-sede. Os valores necessários para isso são altos e a responsabilidade precisa ser proporcional, desde o processo de licitação dos fornecedores e gestão dos recursos até a apresentação transparente das receitas e despesas para o público.
O CEBDS desenvolveu o Manual de Compras, utilizado pela equipe de planejamento do Rio 2016, que pode ser adaptado a diferentes projetos de larga escala tanto para o governo como para o setor privado.
Além de termos uma parceria global com o Comitê Olímpico Internacional (COI) desde 2005, a GE firmou um acordo de co-patrocínio com a Confederação Brasileira de Canoagem em 2014. Acreditamos que apoiar a infraestrutura e o desenvolvimento do esporte no país pode criar um ciclo positivo e transformador: os atletas da modalidade alcançam melhores resultados e os jovens sentem-se motivados a praticar atividades esportivas.
Nesse caso específico, buscamos fomentar o desenvolvimento de ferramentas altamente tecnológicas com foco em aprimorar a performance dos atletas e paratletas brasileiros da modalidade. A parceria levou à criação de um aplicativo ultra-moderno pelo Centro de Pesquisas Global da GE no Rio de Janeiro, permitindo a coleta de dados e análise de desempenho em tempo real dos esportistas durante os treinos. É a inovação, tecnologia digital e Big Data ao serviço do esporte brasileiro – trabalhando para que nossos atletas e paratletas da Canoagem conquistem muitas medalhas para o país.
Enfim, além de esportes, medalhas e atletas, outro grande tema relevante relacionado aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 é o legado que eles deixarão para a cidade. As medalhas são muito importantes para a afirmação dos atletas, não há dúvida. Mas a maior vitória acontecerá quando, ao apagar da pira e que todas as delegações estrangeiras se forem, a população local olhar para os lados e sentir que o esforço, o trabalho e a paciência que teve durante as obras terá valido a pena; que a cidade pós-Rio 2016 será um lugar melhor, mais humano e mais sustentável para se viver.
Que a Rio 2016 seja a prova que nosso país é capaz de criar e implementar um modelo sustentável de gestão, harmonizando prosperidade econômica, repeito ao meio ambiente e inclusão social.
Sérgio Giacomo
Diretor de Comunicação e Relações Institucionais – GE Latin America
Presidente da Câmara Temática de Comunicação e Educação do CEBDS
Sérgio Giacomo assumiu a área de Comunicação e Relações Institucionais para a GE na América Latina em março de 2014, trazendo consigo mais de 25 anos de experiência Comunicação Corporativa. Ele também é Presidente da Câmara Temática de Comunicação e Educação do CEBDS.
Sérgio é formado em Língua e Literatura Francesa pela Universidade de Paris-Sorbonne e em Comunicação Social/Relações Públicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.