O lançamento do Framework em Português do IIRC do Relato Integrado (RI), que aconteceu no dia 22 de maio, foi uma manhã marcada por falas e teses persuasivas , casos práticos e uma perspectiva de mudanças no horizonte. Ficou claro que o Relato Integrado é um instrumento que veio pra ficar e que esta jornada não tem retorno. O Relato Integrado, estabelecido pelo International Integrated Reporting Council (IIRC), tem como objetivo conectar em uma plataforma única e concisa informações financeiras e socioambientais das empresas.
A mesa de abertura do evento foi composta pela CVM, Banco Central, IBGC, CRC-SP, IBM&F Bovespa, Febraban e o convidado de honra, o CEO do IIRC, Paul Druckman. O Banco Central mostrou que está empenhado em avançar o disclosure de informações das instituições financeiras, que seria o próximo passo após a recém lançada Resolução 4327, que determina que estas instituições apresentem uma política de responsabilidade socioambiental dentro dos princípios de proporcionalidade e relevância. A BM&F Bovespa também já adicionou o RI na sua iniciativa de Relate ou Explique. A CVM deu uma palestra muito curta, mostrou apoio ao instrumento, porém na minha opinião mostrou pouco comprometimento e ficamos sem uma orientação concreta de como a instituição tratará essa questão. Para os contadores, ficou claro que muito terá que evoluir na profissão, desde a formação acadêmica até as práticas atuais para se adequar a esse novo mundo, onde ativos intangíveis representam uma parte crescente da riqueza das empresas. Neste quesito foi citado como exemplo a Coca-Cola onde estima-se que a marca seja responsável por 47% do valor de mercado de uma empresa.
Paul Druckman deixou claro que a ambição do IIRC não é produzir mais um relatório, e sim criar um ciclo virtuoso de troca de informações possibilitando mercados mais estáveis e um mundo sustentável. Defendeu a tese de que o bombardeio de informações que sofremos hoje está ocasionando uma perda de conhecimento. O RI não visa aumentar a transparência e sim melhorá-la ao enxergar a companhia pela “porta de entrada” da estratégia ao invés da “escada” dos dados. Informações relevantes deixam de ser extraídas de notas explicativas e passam a ser evidenciadas pela companhia, equilibrando entre as positivas e não tão boas. Paul citou alguns relatórios como exemplo de boas práticas (ver abaixo). O executivo do IIRC ainda nos adiantou que será lançado no próximo mês o Corporate Reporting Dialogue, que visa colocar os principais players da arena de relatórios corporativos na mesma mesa – o IIRC, IASB, FASB, GRI, CDP e SASB – com o objetivo de reduzir a fatiga de dados solicitados das empresas.
Os casos práticos apresentados na mesa facilitada pelo Prof. Nelson Carvalho: Natura, Itaú e AES demonstraram a complexidade de integrar processos dentro das empresas para lograr um relato integrado. Merece destaque o Itaú, representado pelo Diretor Alexsandro Broedel Lopes, que ressaltou que o VPL do projeto de RI no Itaú teve “altíssimo VPL” e citou entre os benefícios auferidos maior confiabilidade dos dados, acessibilidade das informações e atração de uma base mais desejável de investidores.
Por fim, Vânia Borgerth apresentou o trabalho da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado, que hoje conta com mais de 280 participantes, cujo modelo está sendo replicado mundo afora. O GT de Empresas Pioneiras no Relatório de Sustentabilidade , coordenado pela GRI, CDP, CEBDS e PRI, apresentado por Gláucia Terreo da GRI, fechou com chave de ouro o lançamento do Framework.
Relatórios Integrados oriundo de diversas partes do mundo citados como benchmark pelo Paul Druckman: