Com esse norte, a diretora de desenvolvimento técnico do CEBDS, Ana Carolina Szklo, participou da sessão 3 do bloco temático de transporte e mobilidade, organizado pela UNFCCC na Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima, em Salvador.
A necessidade de se observar os impactos sociais e olhar o tema sob a ótica dos direitos humanos foi um dos tópicos levantados por Ana Szklo, que encontrou apoio no público presente.
“Quando falamos de transformação de mobilidade, falamos de economia e redução de CO2, mas os aspectos sociais também não devem ser deixados de fora dessa discussão. Precisamos pensar nas forma como as coisas são produzidas. De onde vem o material que utilizamos para essa transição? De trabalho infantil? Trabalho escravo? A transição não pode ter custo social”, defendeu Ana Szklo.
A diretora de desenvolvimento técnico também falou sobre a impossibilidade de se prever quando a transição para uso de combustíveis mais limpos será concretizada. “
Quando veremos a transição para o uso de combustíveis mais limpos? Essa é a pergunta. O BNDES afirma que é necessário melhorar a infraestrutura para que essas novas tecnologias tenham lugar no país. Isso não acontecerá em um curto prazo, mas precisa acontecer o mais depressa possível. Várias empresas já se comprometeram com esses novos combustíveis, mas ainda precisamos de um tempo para transição”.
Sobre investimentos na transformação da mobilidade para cidades sustentáveis, Ana destacou que é necessário se pensar também na relação entre moradia e local de trabalho. E reforçou a necessidade de se pensar em toda a infraestrutura necessária. “Atualmente o setor de transporte produz cerca de 23% da emissão de CO2. Esse percentual ainda pode vir a aumentar pois podemos ter 70% da população do mundo nas cidades. Precisamos, para além dos meios de transportes, pensar na infraestrutura que oferecemos para a sociedade para que eles possam caminhar e pedalar pelas cidades”.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente o padrão de mobilidade centrado no transporte motorizado individual mostra-se insustentável, tanto no que se refere à proteção ambiental quanto no atendimento das necessidades de deslocamento que caracterizam a vida urbana. A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades (aumento significativo nos níveis de ruídos, perda de tempo, degradação do espaço público, atropelamentos e stress).
A necessidade de mudanças profundas nos padrões tradicionais de mobilidade, na perspectiva de cidades mais justas e sustentáveis, levou até a criação da Lei Federal nº 12.587 de 2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana e contém princípios, diretrizes e instrumentos fundamentais para o processo de transição, como: prioridade de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado; integração entre os modos e serviços de transporte urbano, dentre outros pontos.
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) participa da Semana do Clima da América Latina e Caribe com uma série de eventos destacando o protagonismo do setor empresarial em iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
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