A diversidade indispensável para o futuro que queremos

O mundo inteiro vem sofrendo um baque econômico e social enorme com a pandemia da Covid-19 e as mulheres podem ter um papel decisivo na retomada. Ter diversidade e inclusão é extremamente importante para os negócios, acarreta múltiplas visões e ações disruptivas, permitindo a obtenção de resultados melhores para as companhias. É o que indicou a live ‘Elas e as mudanças climáticas’, organizada pela Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, que aconteceu ontem, dia 21 de outubro, moderada por Patrícia Iglecias, presidente da Cetesb. 

Estiveram também presente Marina Grossi, presidente do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável; Andrea Santos, vice-coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da COPPE, da UFRJ e Secretária Executiva do Painel de Mudanças Climáticas; Cristiane Foja, presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas – Abrabe; Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; e Beatriz Doria, primeira-dama do Estado de São Paulo e presidente do Conselho do Fundo Social de São Paulo.

“As mulheres puxam a cadeia da diversidade e isso permite a conexão com uma sociedade que vem passando por transformações disruptivas. A pandemia veio acelerar esse momento. E acelera também a discussão sobre o clima, principalmente sobre o mercado de carbono. É preciso colocar um preço numa externalidade, como, por exemplo, foi feito em outras áreas:  para cada R$ 1 investido em saneamento básico há uma economia de R$ 4 na saúde. Seis gases do efeito estufa são a base da nossa forma de produção e consumo e o Brasil é o que melhor se posiciona: tem uma biodiversidade fantástica e uma matriz limpa. O Brasil pode largar na frente na geopolítica mundial”, afirmou Marina no evento. 

Ela explicou, ainda, que quase 25% do mundo já têm carbono precificado mas garantiu que o nosso produto será mais valorizado por ser fruto de uma economia mais limpa: “O mercado de carbono é nosso novo commodity, nosso novo pré-sal. Podemos estar muito bem na fita para isso. Já sabemos que precisamos olhar para o futuro passando pela sustentabilidade e não fazendo mais do mesmo. O Brasil pode ganhar um espaço enorme porque é um dos poucos países que consegue preservar e produzir ao mesmo tempo”. 

Cristiane Foja, que atua há mais de 20 anos na indústria brasileira e está à frente de um setor majoritariamente masculino, o de bebidas alcóolicas, explicou que as mulheres têm um papel fundamental à frente da sustentabilidade. “É curiosa a presença maciça das mulheres na logística reversa de embalagens alcóolicas, de vidro. Não é um material fácil de manejar. Mas as cooperativas têm 56% de mulheres trabalhando. Onde tem oportunidade, tem mulher, e elas são decisivas para transformar o processo de sustentabilidade: mulheres não têm medo do desafio, lutam pela transformação e têm ideologia, querem o que é bom para as gerações futuras. Com isso, já tivemos 31 mil toneladas a menos de emissões”. 

Já Andrea Santos, da Coppe-UFRJ, alertou para a pequena participação das mulheres na ciência e na política no Brasil: “Precisamos buscar incentivos para aumentar essa participação feminina em decisões nas esferas governamentais. É necessário se trabalhar para reduzir a desigualdade de gênero”.

Patricia Ellen foi questionada pela moderadora sobre as ações do Estado de São Paulo pelo desenvolvimento inclusivo. Ela apontou a importância das ações afirmativas pela equidade de gênero, pois, na inércia, a ausência de mulheres em posição de liderança e realizando a “tripla jornada” como mãe, esposa, trabalhadora entre “milhares de outros afazeres” continuará sendo realidade.

Patricia apontou que, na área do desenvolvimento econômico, vemos muitas mulheres empreendedoras porém 50% destas acabam sendo por necessidade, de maneira informal. Diante disso, o Estado possui o Programa Empreenda Mulher para fomentar parcerias com ecossistemas. Em seguida, a Secretária destacou que o Estado também procura incentivar as mulheres nas áreas de ciência e tecnologia. Ela relatou que foi realizada versão inédita do CEPETEC Mulheres recebendo currículos de homens e mulheres em mesma proporção, porém apenas homens foram selecionados à final da seleção. Diante disso, ela pediu revisão do processo e afirmou que existe um trabalhoso movimento para que mulheres avancem em posições de liderança e dentro destas áreas.

Qual o papel do setor empresarial?

O CEBDS assinou o Acordo Empresarial São Paulo logo após seu lançamento, pré COP25, em novembro de 2019. A iniciativa do estado tem como objetivo incentivar empresas paulistas a assumirem compromissos voluntários de redução de emissão de gases de efeito estufa e incentivar a implementação de novas tecnologias

Marina afirmou que “o setor empresarial tem papel muitíssimo importante na retomada econômica pós-pandemia e o ESG, aspectos econômicos, sociais e de governança,  não foram criados de ontem pra hoje, nada mais é do que sustentabilidade com elemento de governança que facilita a vida dos investidores. O mundo inteiro vem sofrendo retração e, em meio à pandemia, apesar de termos setores indo bem, como a agricultura, temos 10 milhões de pessoas famintas e talvez a gente chegue a 14 milhões e voltaremos para o mapa da fome. Não dá pra falar em retomada sem falar em sustentabilidade. E dentro da sustentabilidade precisamos de mulheres na liderança”. 

Em seguida, Marina citou exemplo do Conselho de administração do CEBDS do qual existe um balanço 50/50 entre homens e mulheres.

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