BRK Ambiental, Eletrobras, Natura e Suzano são as quatro primeiras empresas brasileiras a integrar o Call to Action (CTA), iniciativa lançada nesta segunda-feira (15) pela Business For Nature, coalizão global voltada para a integração de negócios e a preservação da natureza. O anúncio foi feito durante o evento virtual “Construindo Resiliência nos Negócios: Como a Liderança Coletiva Reverterá as Perdas Naturais”.
O CTA tem o objetivo de reunir empresas de todo o mundo em torno de ações voltadas para reverter perdas naturais até 2030, por meio de transformações de ordem econômica e financeira. As quatro primeiras empresas brasileiras a fazer parte da iniciativa são associadas ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), que também integra a rede global de parceiros da Business for Nature.
Apresentado por Paul Polman, fundador da organização sem fins lucrativos Imagine, e pela jornalista e âncora Tian Wei, o evento contou ainda com a participação de líderes empresariais e representantes de organismos multilaterais e especialistas em sustentabilidade.
“Precisamos colocar as soluções baseadas na natureza no topo da agenda. Precisamos dar mais prioridade para as empresas fazerem parte de uma voz mais ampla. Convido todas as empresas que estão ouvindo esta transmissão hoje a se inscreverem neste Call to Action”, disse Polman durante o evento online, ao informar que um total de 38 empresas já assinaram o documento.
O anúncio de lançamento da CTA marcou a abertura do período de adesão mais ampla de empresas interessadas em fazer parte da iniciativa, independentemente do porte ou da área de atuação. O objetivo é reunir o maior número possível de lideranças empresariais em torno de ações que busquem a formulação de políticas públicas, além de compromissos conjuntos com ações coletivas em torno da integração entre negócios, recursos naturais e mudanças climáticas.
“O que realmente queremos fazer é parceria com outras pessoas para encontrarmos soluções inovadoras e regenerativas. Com mudanças sistemáticas, precisamos nos envolver com a sociedade como um todo. Isso inclui consumidores, governos e sociedade civil. É por isso que essa ação é tão importante. Precisamos que as empresas participem desse esforço, colaborando e se comprometendo como líderes e empresas”, disse Roberto Marques, presidente executivo do Conselho de Administração da Natura & Co, que anunciou durante o evento a visão da empresa para 2030. “Queremos reduzir a zero nossas emissões de carbono. Devido ao fato de estarmos presentes no Brasil e na América Latina, nós não iremos descansar até fazermos a diferença na Amazônia. Podemos fazer uma mudança na sociedade e podemos fazer mais para a inclusão e a diversidade. Estamos comprometidos para garantir a igualdade de gênero até 2023”.
As adesões das empresas interessadas em fazer parte da CTA poderão ser feitas até 31 de julho. Uma vez reunidas as empresas participantes, será realizada uma campanha de ampla divulgação, cujo mote será a reivindicando da união de esforços entre governos e empresas em torno da recuperação das perdas de recursos naturais.
Para mais informações sobre a adesão ao CTA, as empresas devem acessar o link
Primeiros participantes
Durante o evento, a pandemia da Covid-19 foi abordada como um fator que vem obrigando empresas e governos a buscar práticas mais sustentáveis para o desenvolvimento econômico.
“Concordo que a Covid-19 acelerou e deixou muitas tendências claras. Está forçando todos nós a reavaliar valores. Temos a oportunidade de abordar coisas como desigualdade na sociedade. Acho que todos concordamos que a Covid-19 afeta mais os pobres como países em desenvolvimento. A boa notícia é que os investidores estão cada vez mais dizendo que temos investimentos responsáveis”, disse o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES Joaquim Levy. “Cada vez mais, trata-se de entender o fato de que essas mudanças terão nos negócios. Esta é uma via de mão dupla. Exposição a riscos sociais e de transição físicos e a capacidade das empresas de gerenciá-los. Os governos devem ter um papel em garantir que os produtos financeiros sejam reais”.
O encontro virtual deu continuidade ao lançamento de recomendações de políticas públicas, realizado pela Business for Nature durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro deste ano. Após manter contato com centenas de empresas e organizações ao redor do mundo, foram formuladas cinco diretrizes:
- Fornecer direção: Governos devem adotar metas globais baseadas pela ciência para reverter a perda da natureza até 2030 e reconhecer que estamos enfrentando uma emergência planetária.
- Alinhar, integrar e aplicar políticas para a natureza, as pessoas e o clima: Governos devem contribuir com uma maior coerência à governança da ONU, incluir a natureza como uma das partes principais de políticas públicas e garantir a aplicação efetiva das leis ambientais.
- Ir além dos lucros de curto prazo e o PIB: Governos devem valorizar e incorporar a natureza na tomada de decisões para que governos de diferentes esferas, empresas e organizações financeiras possam tomar melhores decisões a longo prazo.
- Financiar uma transformação socialmente justa: Governos devem reestruturar subsídios e incentivos para recompensar ações positivas na natureza, juntamente com modelos de negócios inovadores e circulares; e promover soluções financeiras que apoiem a natureza.
- Envolver, capacitar e colaborar: Governos devem incentivar e unir esforços pela natureza para que os setores público e privado possam implementar soluções e empoderar a sociedade a participar.