Desigualdade social é principal desafio para cidades mais inclusivas

Lideranças de empresas e da sociedade civil disseram nesta quarta-feira, em webinar da série ReVisão 2050, do CEBDS, que é essencial reduzir as desigualdades desde já para construir cidades mais justas e inclusivas no futuro

Rio de Janeiro, 05 de agosto de 2020 – A enorme desigualdade social e econômica no Brasil ganhou uma evidência diferenciada no contexto da pandemia do coronavírus e, portanto, exige um esforço conjunto imediato de todos os segmentos para tornar as cidades mais inclusivas e justas socialmente na perspectiva de 2050. Em síntese, essa foi a principal mensagem dos participantes do último encontro da série de oito webinares do projeto Revisão 2050, realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

“Não dá para pensar somente em crescimento. A palavra-chave aqui é buscar prosperidade”, afirmou Marina Grossi, presidente do CEBDS, que fez a moderação do debate sobre Cidades. Para o presidente da CUFA Global, Preto Zezé, o desafio é imediato. “Algumas questões são desafiadoras agora. E a desigualdade está no centro. Hoje, são 15 milhões de desempregados e estamos nos aproximando dos 100 mil mortos por Covid-19. Muito se fala em pós-pandemia, mas pra mim é o agora-pandemia. Tem que ter um programa de proteção social agora, urgente”, afirmou ele.

Com 15 milhões de pessoas vivendo em favelas hoje no Brasil, Zezé observou que 40% delas têm dificuldade de acesso ao uso regular da água e ao sabão. “Parte dessas pessoas que estão nesses territórios não tem direito ao isolamento social por uma questão de infraestrutura básica e habitação. Na favela a gente já é expert em estado mínimo”, completou o presidente da CUFA Global. Segundo ele, o ideal seria buscar um novo olhar e uma nova perspectiva diante dos desafios que se apresentam. “Não quero voltar ao normal porque o normal era uma indiferença enorme diante de tanta coisa trágica historicamente enraizada”, disse ele.

A presidente da Fundação Toyota, Viviane Mansi, também vê urgência na execução de uma agenda mais inclusiva para as cidades. Na visão dela, é preciso tornar os espaços públicos para todos. “E isso precisa vir muito antes de 2050. No final das contas, a pandemia veio para demonstrar que a gente só vai ser bem-sucedido se o nosso ecossistema for para todos. Se eu tenho um pequeno comerciante quebrando, as grandes redes também sofrem. Se eu amplio a base de consumo, é possível abaixar o preço e todo mundo é bem-sucedido. Então, temos que forçar uma pauta cada vez mais inclusiva. Isso requer mais habilidade de escuta, de diálogo. É um desafio complexo que requer disciplina”, afirmou Viviane.

O presidente da Vedacit, Marcos Bicudo, destacou que a Covid-19 acentuou essas desigualdades. Para ele, a iniciativa privada deve ser o protagonista na reorientação dessa agenda, para uma economia mais justa, limpa e inclusiva. “A empresa precisa parar de pensar em gerar resultado e começar a gerar valor. Essa transição do setor privado para um capitalismo de stakeholders (públicos de interesse), dentro de uma visão sistêmica, para a geração de valor compartilhado é o alicerce para essa reorientação”, comentou o executivo da Vedacit.

No contexto das empresas, o secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo de Oliveira Perpétuo, destacou a importância de olhar para as cadeias produtivas. “A gente pode influenciar com as dinâmicas de compra. Olhar para fornecedores que estejam mais próximos da linha de ação e que adotem critérios de sustentabilidade. Os processos de contratação são instrumentos poderosos de inclusão social e valorização da diversidade”, sugeriu Perpétuo, destacando também a questão ética como um princípio norteador para todas as organizações.

Apesar dos desafios enormes, o presidente da CUFA Global também apontou avanços na agenda pública, como o debate em torno de uma renda básica, que começou em R$ 200,00 e foi elevada para R$ 600,00; a criação de uma Frente Parlamentar de Renda Básica, formada recentemente para garantir proteção social; o adiamento do ENEM e a decisão do STF de impedir ações policiais nos territórios de favela. “Há um espaço para a agenda pública. Há uma sensibilidade junto às empresas. E há uma renovação do engajamento da sociedade”, concluiu Preto Zezé. “Gente, na favela somos doutor em dificuldades, pós-doutor em tragédias e temos PHD em tudo ruim que acontece. O que tem que ser novo agora é o que podemos fazer para virar esse jogo porque não temos nem o privilégio de chorar”, finalizou.

SOBRE O CEBDS

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes. Mais informações: https://cebds.org/.

 

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