Transformar as comunidades locais em protagonistas do desenvolvimento socioambiental e econômico da Amazônia é um desafio que todos precisam abraçar, principalmente o setor privado que pretende estar presente na região. Esse é o principal legado da imersão promovida pelo CEBDS na floresta, no final de agosto de 2022, com importantes líderes empresariais do país.

Durante quase quatro dias, oito CEOs conheceram empreendedores locais e ouviram pesquisadores para compreender o modus operandi da região. Eles representam setores tão diversos como energia, mineração, saneamento, logística e finanças.

A iniciativa – parte do Movimento Empresarial pela Amazônia, liderado pelo CEBDS – foi a maior reunião de líderes de grandes empresas para vivenciar a realidade amazônica. A experiência trará potentes inspirações para a jornada rumo a uma nova forma de fazer negócios na Amazônia. 

“Não adianta muito a gente vir para cá com a pretensão de dizer o que fazer para eles. É o contrário. A nossa visão tem que ser: sou digno de estar aqui? De operar aqui? Sou eu que tenho que estar preocupado de não interferir em todo esse equilíbrio. Isso tudo ficou muito claro nessa nossa visita. Fomos nas entranhas da mata, nas comunidades. O sucesso está no pertencimento deles. Em ser parte da iniciativa e não sujeitos da iniciativa”, afirma Fabio Schettino, CEO da Hidrovias do Brasil. 

De acordo com o executivo do setor de logística hidroviária, que passou a infância na Amazônia, existe um grande desafio sobre a mesa. “Você tem que envolver a comunidade para ela sentir que a iniciativa é dela e deve ser mantida por ela”, afirma.

O respeito ao que ocorre nas localidades do interior da Amazônia é fundamental, também na visão de Ricardo Guimarães, CEO do Banco BNP Paribas no Brasil. “É um casamento entre a vontade de investir e a realidade de cada comunidade. É muito importante ter um crescimento sustentável e duradouro. A visão que se tem sobre uma resolução rápida e fácil de todos os problemas que existem aqui está equivocada.”

Quanto mais houver geração de informação e conhecimento sobre o dia a dia da Amazônia, melhor, destaca Veronica Coelho, presidente da Equinor Brasil. “Ficou clara a potencialidade da região. Com tudo isso que vimos, temos mais condições de saber como agir com as comunidades locais para garantir a sustentabilidade da floresta”, diz a executiva.

Perspectiva local

O ponto de vista de quem vive nas comunidades do interior da Amazônia – e a imersão mostrou a realidade do que ocorre principalmente no interior do Pará – não pode estar de fora de nenhum processo decisório, reflete Maurício Rodrigues, responsável pela Bayer Crop Science para a América Latina. “Tivemos a oportunidade de conhecer de perto, conversando e convivendo com as comunidades, a perspectiva local. E com toda essa informação, obtida em alguns dias, temos condições de avaliar exatamente onde tanto o setor privado, quanto o governo podem contribuir para o desenvolvimento da região. Existem aqui muitas oportunidades de desenvolvimento”, afirma Rodrigues.

O que vem sendo chamado de soluções baseadas na natureza, segundo Cristiano Pinto da Costa, presidente da Shell Brasil, se aplica totalmente à Amazônia. “Como vimos aqui, é algo tangível e totalmente prático. É uma linha de negócio crescente no mundo”, explica o executivo do setor de energia.

Visão também corroborada por mais um participante da imersão, o presidente da Rede Ipiranga, Leonardo Linden. “Esse foco nas comunidades locais nos faz entender como investir e fazer parte dessa vida aqui de uma forma sustentável. Essa imersão fez aumentar o respeito e o senso de responsabilidade que precisamos ter na hora de participar da economia dessa região.”

Para saber mais sobre a Imersão, confira o artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo: https://estudio.folha.uol.com.br/amazonia-importa/2022/09/o-tempo-da-floresta.shtml.