A cidade de Cancun, no México, recebeu no mês de dezembro dois eventos centrais para a agenda internacional do desenvolvimento sustentável: o Fórum Negócios e Biodiversidade, nos dias 2 e 3, e a 13ª Conferência das Partes (COP 13) de Biodiversidade, entre os dias 4 e 17. Confira as principais decisões e debates realizados em Cancun sob o olhar do CEBDS e do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD).
Fórum Negócios e Biodiversidade
O Fórum Negócios e Biodiversidade contou com a participação de mais de 300 pessoas, grande parte do setor privado. Entre elas estava a gerente de sustentabilidade da Reservas Votorantim, Frineia Rezende, que escreveu artigo exclusivo sobre o evento para o Blog do CEBDS.
O fórum acontece desde 2011 e, nesta edição, teve como temas centrais de discussão a valoração de capital natural; as soluções financeiras; e os negócios, biodiversidade e clima. As principais mensagens do fórum foram:
- Divulgar a urgência e status das questões relacionadas a biodiversidade não é suficiente. Ações diretas sobre a biodiversidade são mais prováveis de acontecerem baseados em businesses cases ancorados na ciência e nas finanças;
- A academia expressou o desejo de fazer parcerias com as empresas uma vez que foi identificada a necessidade de disseminação e acesso facilitado ao conhecimento empresarial;
- Colaboração entre empresas, ONGs e comunidades locais é um fator primordial para avançar nos desafios da biodiversidade, da prosperidade econômica e do bem-estar social.
COP13
Realizada desde 1994, a COP de Biodiversidade chegou a sua 13ª edição tendo como tema “Mainstreaming Biodiversidade para o bem-estar”. A COP13 foi marcada por uma grande preocupação com o cumprimento das metas de AICHI e com a certeza de que a participação das empresas é crucial para esse processo. Confira abaixo um resumo com os principais destaques das discussões:
- Segmento de Alto Nível: durante os dias 2 e 3 de dezembro foi aprovada e adotada a Declaração de Cancun. As mensagens foram construídas tendo como base compromissos para inserir biodiversidade como uma agenda central e prioritária, a exemplo: “Aprimorar os frameworks regulatórios para as atividades do setor privado, melhorando incentivos e promovendo ferramentas para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade”;
- Capacitação: as partes concordaram em um plano de ação (2017 – 2020) que irá aprimorar e dar suporte a capacitação para a implementação da Convenção e dos seus protocolos focados no fortalecimento da implementação do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011 – 2020 e as metas de AICHI;
- Restauração: a COP adotou um plano de ação de curto prazo para a restauração de ecossistemas e convocou as partes a promoverem, dar suporte e realizar ações de restauração de ecossistemas;
- Biodiversidade e Mudanças do clima: a COP encorajou as partes a considerarem biodiversidade quando endereçarem medidas de mitigação, adaptação e redução de riscos associados à mudança do clima, promovendo o uso de soluções baseadas em ecossistemas quando possível;
- Geoegenharia relacionada ao clima: a COP reiterou a importância de se adotar uma abordagem de precaução em relação à geoengenharia ligada ao clima;
- Mobilização de recursos: a COP convocou suas partes a ampliarem seus esforços para atingirem as metas de AICHI, incluindo dobrar o valor de recursos financeiros relacionados à biodiversidade, especialmente o fluxo para países em desenvolvimento;
- Brasil: o país aderiu ao Desafio de Bonn (“Bonn Challenge”) e à Iniciativa 20×20. Com isso, o Brasil declara sua intenção de restaurar, reflorestar e promover a recuperação natural de 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Havia uma possibilidade do país ratificar o Protocolo de Nagoya, mas isso acabou não acontecendo.