Principais oportunidades e desafios envolvidos na temática de descarbonização da economia no Brasil foram debatidos pelo CEBDS, entidades e empresas durante painel da Climate Week, em Nova York, na sexta-feira (23). O tema de destaque foi a criação de um mercado regulado de carbono, fundamental para a adequação do setor produtivo à nova realidade climática. “Essa discussão é uma preparação para a COP27, que será realizada em novembro no Egito. Precisamos entender qual é o papel central dos instrumentos de precificação de carbono no mercado e continuar disseminando conteúdo para posicionar o setor empresarial brasileiro na governança da questão climática”, destacou Viviane Romeiro, Assessora Técnica CT Clima do CEBDS, mediadora do painel.
O debate foi promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) com o apoio da Coalisão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que lidera a agenda da economia de baixo carbono, buscando responsabilidade, competitividade e inclusão. Para José Carlos da Fonseca, Cofacilitador da Coalizão, as discussões sobre as questões climáticas são essenciais para a competitividade e o maior desafio no Brasil é avançar nessa agenda. “Estamos todos engajados e na expectativa do que pode ser concretizado em termos de regulamentação na COP27. Ao mesmo tempo, temos o compromisso da complementariedade entre os sistemas voluntário e regulado”, afirmou.
“O mercado voluntário tem metas voluntárias. Se a empresa quer competir hoje no mercado internacional tem que ter o ESG e dentro do E tem o Net Zero. Essa é uma perspectiva das empresas de tomarem para si metas voluntárias”, explicou Ronaldo Seroa da Motta, Professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. Segundo ele, a tendência é que o mercado regulado use a mesma lógica do mercado voluntário, a do crédito, mas com regras, processos e metodologias próprias, o que não acontece no mercado voluntário. “A demanda define que tipo de crédito a empresa quer, e a oferta tem que descobrir, essa é a incerteza do mercado voluntário e, por isso, os preços vão só aumentando”, destacou.
Juliana Lopes, Head de Future Solutions da Future Carbon Group, deu continuidade citando que “os agentes econômicos respondem a sinais de preços, então, o mercado voluntário e o mercado regulado são forças complementares”. Juliana destacou que o mercado voluntário é fundamental para a educação dos atores privados e que foi possível amadurecer o entendimento que o setor empresarial tinha sobre a temática do carbono. “Temos o papel de endereçar os atuais desafios, como os de integridade, para evitar a dupla contagem, isto é, todos os atores que estão no mercado voluntário devem se comprometer para que isso aconteça. Assim, a gente forma as bases para um mercado regulado, pois precisamos de uma sinalização de preço em âmbito global. Para a descarbonização, teremos que mobilizar entre 100 e 150 trilhões de dólares nas próximas três décadas. Então, o financiamento de carbono proporcionado pelos mercados voluntários tem um papel muito importante para as empresas”, completou.
Karen Tanaka, Gerente de Sustentabilidade da Ambev, complementou apresentando projetos inovadores da empresa e reforçando que “a regulação traria uma aceleração. Estamos falando de um sistema mútuo de colaboração. Isso poderia acelerar um direcionamento de investimentos para a indústria como um todo, em todos os setores. Precisamos de mais empresas com apetite de inovação em risco”. Karen comenta também sobre o Artigo 6 do Acordo de Paris, que traz muito mais do que mercado, “ele fala de implementações conjuntas, instrumentos colaborativos como um todo, o que a gente precisa para poder acessar fundos de outros mercados, inteligência e inovações que ainda não estão no Brasil”.
Para assistir o debate completo, basta acessar o link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=5nKU-3mZ_Ik