O CEBDS sabe da importância do tema água nos processos industriais, e como as crises hídricas vividas no Brasil nos últimos anos impactaram duramente a economia, o que levou empresas a perderem produtividade ou até a pararem operações, gerando conflitos entre sociedade e setor produtivo. Pensando nesse cenário, o WBCSD traz para o Brasil, com apoio do CEBDS, o Guia do CEO sobre Água – Construindo negócios resilientes, que tem o objetivo estimular o engajamento cada vez maior da alta liderança das empresas, para trazer para o centro da tomada de decisões e estratégias de negócios a questão do uso, disponibilidade, riscos e segurança dos recursos hídricos.
Saiba mais como o Guia do CEO sobre Água poderá ajudar a alta liderança da sua empresa a ver a importância do tema água não apenas como insumo, mas como diferencial para os negócios.
Porque o tema água é importante para os negócios?
Os negócios dependem diretamente desse importante recurso natural. Esse bem comum é compartilhado com pessoas, cidades, outros negócios e com a natureza. E essa a disputa só vai se acirrar. De acordo com o Banco Mundial, nas próximas três décadas, o sistema mundial de alimentos vai precisar de algo entre 40 e 50% mais água; a demanda urbana e industrial por água vai aumentar entre 50 e 70%, e a demanda hídrica para produção de energia vai crescer 85%. A materialidade dos riscos hídricos é clara e urgente. A demanda por água já excede a oferta em vários locais específicos, como pudemos ver nas recentes crises hídricas do Brasil, que afetaram mais especialmente Brasília e São Paulo, além de castigar a região Nordeste por anos. Sem qualquer ação, não haverá água disponível para as necessidades futuras da sociedade e do meio ambiente.
Os negócios também pagam o preço. Onde não há água disponível para as operações, as empresas precisam gastar mais para cobrir as consequências da escassez ou até mesmo alterar planos de investimentos. Os riscos hídricos afetam diretamente os resultados. Para um melhor planejamento contra problemas futuros e a favor de mais resiliência, é necessário que haja uma mudança fundamental na forma como as empresas precificam a água.
A água deve ser uma prioridade entre os diretores de todas as empresas do mundo. Gerenciar melhor a água é uma oportunidade chave para que as empresas criem e desenvolvam vantagens competitivas, enquanto asseguram suas licenças de operação, reduzem perdas financeiras e garantem, de forma geral, a continuidade das operações. Mas é preciso ir além. É preciso considerar a água e suas externalidades na tomada de decisão e não só nas medidas de contenção.
Como a falta de um planejamento sobre os riscos hídricos como impactar o negócio?
A falta de planejamento sobre os riscos hídricos pode levar a problemas de crescimento, na medida em que aumentam o perfil de risco das empresas, e consequentemente seus custos de capital. Um estudo da Truscost de 2017 mostrou que se todos os custos sobre a disponibilidade e qualidade da água tivessem que ser absorvidos, isso resultaria em uma redução média de 44% nos lucros das empresas de serviços públicos e 116% das empresas de alimentos e bebidas.
Os investidores estão cada vez mais atendo ao tema água e reconhecendo o seu real valor. Por isso, buscam maior controle sobre o tema em suas decisões de investimento. Por exemplo, a recém lançada Ferramenta de Teste de Estresse Hídrico revela que mesmo quando expostas a cenários de seca de média seriedade, a maioria das empresas sofre um rebaixamento das suas avaliações de crédito.
Conheça mais riscos que as empresas podem sofrer com falta de um plano de negócios para a água:
Quais as oportunidades que a minha empresa pode ter com um gerenciamento hídrico sustentável?
Investir em um plano de negócios que considere a eficiência hídrica oferece oportunidades competitivas para sua empresa, por exemplo, na oferta de soluções para o reúso de água e recuperação de recursos hídricos já utilizados. Esta é uma das maiores oportunidades ainda não exploradas para migrar de desperdício para recurso.
Como implementar a gestão hídrica na minha empresa?
Veja abaixo os sete passos que podem ajudar a projetar e implementar a gestão hídrica afim de atender às necessidades da sua empresa:
- Atenção do conselho diretor para integrar a água à estratégia e ao planejamento comercial;
- Estabelecer metas e objetivos significativos e ambiciosos. Exemplo da Unilever: Até 2020, reduzir pela metade a quantidade de água associada ao consumo de produtos da empresa (em comparação com 2010);
- Precificar a água de forma apropriada para responder a seus reais riscos e oportunidades. Exemplo da Nestlé: um preço teórico para a água (entre 1 e 5 dólares por m3) foi estabelecido para fins de cálculos de pagamento para despesas de capital, considerando o risco da instalação (Índice Combinado de Estresse Hídrico);
- Implementar soluções de negócio inovadoras para alcançar seus objetivos e metas;
- Lidar com oportunidades e riscos hídricos de forma compartilhada;
- Aumentar a conscientização e engajamento entre funcionários, fornecedores e consumidores;
- Defender estratégias políticas e financeiras que apoiem investimentos empresariais em soluções hídricas inteligentes.
Conheças casos práticos de empresas que já possuem gerenciamento hídrico nos seus negócios:
NESTLÉ – Fazendo a água circular
Tecnologias “zero-água” têm sido usadas em uma área de escassez hídrica para recuperar água do leite (em uma instalação de produção de leite em pó no México) para as necessidades operacionais diárias de água. A fábrica de laticínios pode operar sem utilizar nenhuma água subterrânea, funcionando somente com a água recuperada do leite.
AMBEV – AMA
AMA é uma iniciativa coletiva da AMBEV. O objetivo é levar água potável a quem não tem. Ao comprar a água AMA todo o lucro, 100%, vai para projetos que levam água para as casas das famílias que vivem na região mais seca do Brasil, o semiárido. Os projetos desenvolvidos nas comunidades trazem resultados imediatos na vida das pessoas. Em um ano, mais de 6.660 moradores de nove comunidades rurais do semiárido já têm acesso à água.
BRASKEM – Reúso de Água
Em 2012, a Braskem inovou e substituiu a captação, tratamento e uso de água bruta pelo consumo de esgoto doméstico tratado fornecido pelo Projeto Aquapolo, que é o maior empreendimento para a produção de água de reúso industrial na América do Sul e o quinto maior do planeta. Desde então a Braskem, opera com um índice de reuso de água da ordem de 97% na região do AB C em São Paulo, região sudeste do Brasil que possui histórico de crises hídricas nos anos de 1964, 2003, 2014 e 2015. Nos últimos 4 anos, 2014 a 2017 foram reutilizados cerca de 30 milhões de m³ de água de reúso, através do Projeto Aquapolo, liberando o consumo de água potável para a região do ABC de um volume equivalente a 12 mil piscinas olímpicas. O uso de água de reúso se consolidou como um caso de sucesso tanto de adaptação às mudanças climáticas como também de economia circular da água, na medida que permitiu manter as operações industriais em condições normais de operação durante a crise hídrica de 2014 e 2015, quebrou a prática linear de captar, usar a água, tratar o efluente e descartar em copos hídricos, passando a reusar de volta para o processo produtivo o esgoto doméstico tratado, e permitindo mitigar e controlar riscos operacionais (ou físicos), financeiros, de mercado, reputacionais e regulatórios relacionados com a gestão de recursos hídricos.
Confira Guia do CEO sobre Água – Construindo negócios resilientes: