A Iniciativa Empresarial em Clima (IEC), formada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e outras cinco instituições, realizou no dia 13 de novembro o side event “The role of carbon pricing mechanisms in achieving NDC – a view of multistakeholders”, no Indigenous People’s Pavilion, na COP23. O evento discutiu os desafios da NDC brasileira, com foco na implementação de mecanismos de precificação de carbono, e lançou a carta aberta Setor Privado Apoia a Precificação de Carbono no Brasil.
O público, que lotou o evento, pôde acompanhar as perspectivas da academia, governo, empresas e entidades da sociedade civil sobre o tema. A presidente do CEBDS, Marina Grossi, destacou o engajamento do setor empresarial brasileiro. “Nos últimos três anos, as companhias brasileiras que apoiam a precificação de carbono evitaram a emissão de 31 milhões de tCO2e em suas atividades, o equivalente a 2% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) brasileiras em 2015. Podemos fazer muito mais e precisamos agir agora para alcançar resultados de baixo carbono a longo prazo”, afirmou.
Ela apresentou a carta de apoio do setor privado à precificação, elaborada pela IEC com apoio da Carbon Pricing Leadership Coalition (CPLC), iniciativa do Banco Mundial. O documento, assinado por cerca de 25 CEOs e CFOs de grandes empresas e organizações, defende o estabelecimento de um mecanismo de precificação adequado às características da economia e ao perfil de emissões de GEE do país. Dessa forma, pretende-se incentivar investimentos, garantir a competitividade das empresas e estimular a inovação tecnológica de baixa emissão no Brasil.
Everton Lucero, secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, sublinhou que o governo está atento ao que ele chamou de “precificação positiva”. “O conceito de precificação ainda precisa se desenvolver no Brasil, mas temos parceiros, como o governo da França, interessados em trabalhar nisso e nos ajudar. Antes de implementar um mecanismo de precificação, temos que considerar o impacto dessa medida para a competitividade das empresas nas exportações, especialmente de commodities, que representa boa parte das negociações brasileiras”, apontou.

Kelly Gallagher, professora de Política Energética e Ambiental da Tufts University, e Easwaran Narassimhanm, consultor do Laboratório Nacional de Energias Renováveis do Departamento de Energia do governo americano, mostraram diversos regimes de mecanismos adotados por países como Noruega e Japão. “A implementação da precificação de carbono pode ser um processo inclusivo, envolvendo todos os stakeholders”, respondeu Gallagher ao ser questionada sobre a posição dos povos indígenas no tema.
Marina Mattar, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Abiquim e co-chair de Mobilizing Business Support da CPLC, falou sobre as atividades da Coalizão e como o setor privado global tem respondido positivamente à adoção de mecanismos de precificação de carbono. Rodolfo Sirol, diretor de Sustentabilidade da CPFL Energia, empresa associada ao CEBDS, trouxe a perspectiva do setor energético sobre o tema e ressaltou a importância da mobilização e engajamento das empresas para a adoção da precificação no Brasil.
A Iniciativa Empresarial em Clima, proponente do side event, é formada pelo CEBDS, CDP, GVces, Rede Brasil do Pacto Global, Instituto Ethos e Envolverde.
O que o setor empresarial precisa saber sobre precificação
Em sua apresentação, Marina Grossi também abordou o estudo Precificação de Carbono: o que o setor empresarial precisa saber para se posicionar, lançado pelo CEBDS na COP22, em parceria com o CDP e apoio do We Mean Business. A publicação, disponível para download gratuito, tem o objetivo de fornecer insumos para as empresas sobre os principais desafios da implementação dos mecanismos no Brasil.