De 19 a 23 de agosto, Salvador esteve no foco das discussões sobre a implementação do Acordo de Paris e o combate às mudanças climáticas com a Latin America and Caribbean Climate Week (LACCW). O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), empresas associadas e parceiros desenvolveram uma programação intensa que demonstrou o protagonismo do setor empresarial na transição para uma economia de baixo carbono. Confira o que foi destaque no evento:
Precificação de Carbono é uma política estratégica
“A visão do Ministério da Economia é que a precificação de carbono é uma política estratégica que pode trazer muitos benefícios para o Brasil.” A declaração da coordenadora geral de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Economia, Ana Luiza Champloni, marcou o Painel de Precificação do Carbono. O painel foi realizado, no primeiro dia da Semana do Clima América Latina e Caribe, pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Carbon Pricing Leadership Coalizion (CPLC) e Votorantim Cimentos.
Empresas buscam reduzir emissões de gases de efeito estufa
Nos últimos três anos, as empresas em atuação no Brasil implantaram 1.340 projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa, totalizando um investimento de mais de US$ 85,8 bilhões que resultaram em 217,9 milhões de CO2 evitados nesse período. Esses dados tiveram destaque no Painel de Ação Climática, evento paralelo da Semana do Clima, que foi realizado no segundo, pelo CEBDS, em parceria com a Neoenergia e suas concessionárias da região Nordeste: Celpe Coelba, Cosan e Elektro, por meio do Programa de Eficiência Energética da Aneel.
A diretora de desenvolvimento técnico do CEBDS, Ana Carolina Szklo, reforçou que as iniciativas para redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas já são realidades nos grandes grupos em atuação no Brasil. Segundo ela, o risco climático já é um fator considerado, inclusive, para tomada de decisão de investimentos.
“A ação climática tem impulsionado projetos de inovação, competitividade, gerenciamento de riscos e crescimento das empresas, ao mesmo tempo em que proporcionam as reduções de emissões necessárias para mitigar as mudanças climáticas e contribuir com o Acordo de Paris”, disse Ana Carolina, que moderou o painel.
É necessário investimento com foco no financiamento climático
A necessidade de investimento tendo como foco o financiamento climático foi um dos principais temas debatidos durante o segundo dia da Climate Week. Em uma das palestras, Bárbara Brakarz, especialista sênior do Clima e Sustentabilidade da Divisão de Mudanças Climáticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), falou sobre a importância de investimento e financiamento de projetos relacionados aos efeitos climáticos no mundo.
“Hoje, no Brasil, está cada vez mais claro a necessidade de se investir em sustentabilidade, em mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Não só porque estamos vendo os efeitos climáticos na nossa cidade, na nossa produção agrícola, mas porque, cada vez mais, as evidências mostram que as mudanças climáticas significam um custo para o país, um custo econômico e financeiro para a população. Então, os governantes, o setor privado e o mercado financeiro estão se mobilizando, se conscientizando de que isso [o cuidado] não é só uma oportunidade de investimento, mas é uma necessidade”, disse.
CEBDS e as recomendações do setor empresarial sobre precificação de carbono
O CEBDS apresentou no quarto dia da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudanças Climáticas uma carta de princípios com um resumo dos debates e alinhamentos sobre os instrumentos de precificação de carbono, como gestão de riscos, oportunidades de negócios e realizações financeiras. O documento foi entregue a representantes do Governo Federal, ao prefeito de Salvador ACM Neto e representantes de empresas e instituições presentes em um evento sobre financiamento e riscos climáticos.
O documento, que pode ser acessado na íntegra aqui, foi elaborado a partir de conversas com empresas associadas ao CEBDS e durante o workshop “Diálogo Empresarial sobre o Artigo 6”, em conjunto com a IETA, realizado no dia 19/08 na Semana do Clima. A carta reúne princípios norteadores para a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, debate que acontecerá durante a COP25, que acontece em dezembro, no Chile.
Mobilidade e a contribuição para cidades mais sustentáveis
A sessão 3 do bloco temático de transporte e mobilidade, que aconteceu no dia 22/08, organizado pela UNFCCC contou com a participação da diretora de desenvolvimento técnico do CEBDS, Ana Carolina Szklo, que apontou a necessidade de se observar os impactos sociais e olhar o tema sob a ótica dos direitos humanos.
“Quando falamos de transformação de mobilidade, falamos de economia e redução de CO2, mas os aspectos sociais também não devem ser deixados de fora dessa discussão. Precisamos pensar nas forma como as coisas são produzidas. De onde vem o material que utilizamos para essa transição? De trabalho infantil? Trabalho escravo? A transição não pode ter custo social”, defendeu Ana Szklo.
Bloco temático discute descarbonização e financiamento para transição energética
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) foi taxativo: é preciso conter o aquecimento global limitado a 1.5° até 2100. Nesse cenário, a transição energética para uma economia de baixo carbono é uma das contribuições mais efetivas do setor empresarial para cumprimento das contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês) brasileiras ao Acordo de Paris.
O tema foi o foco do bloco temático de transição energética organizado pela UNFCCC, realizada no terceiro dia da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudanças Climáticas. Três empresas associadas ao CEBDS, Siemens, Santander e Itaú, participaram dos debates ao lado de especialistas da América Latina e Caribe.
Na sessão sobre Descarbonização profunda do sistema de energia, a professora da Coppe-URFJ, Suzana Kahn, destacou que é necessário não só descarbonizar o sistema, mas transformar completamente a forma como nos comportamos e oferecemos energia.
“Para nossa região descarbonizar é importante. Mas para alcançar nosso potencial de renovável precisamos de investimento e inovação. É fundamental criar caminhos de desenvolvimento e a ciência é crucial para reduzir os custos dessa transição”, afirmou.