Nos últimos 12 meses foram derrubados 9.762 km² de florestas na Amazônia, a maior área desde 2008. A informação, divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi baseada em dados do Prodes (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite). O aumento na taxa de desmatamento foi de 29,5% em 12 meses.
“Os números do PRODES confirmam o que o DETER e sistemas independentes já vinham apontando: o desmatamento vem crescendo vertiginosamente e, se o Governo Federal não modificar profundamente sua postura em relação ao tema, ele tende a crescer ainda mais no próximo ano, fazendo com que o país retroceda 30 anos em termos de proteção à Amazônia”, afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil.
Segundo o Sistema de Alertas do Imazon, a floresta perdeu 802 km² em setembro de 2019, o que equivale a mais da metade da área da cidade de São Paulo em relação ao mesmo mês de 2018. Um aumento de 80%. Os estados onde mais ocorreram desmatamento foram o Pará (53%), Rondônia (13%), Amazonas (11%), Acre (11%), Mato Grosso (10%) e Roraima (2%).
O Imazon associa o desmatamento com o processo que realiza corte raso (remoção completa das árvores). Na maioria das vezes, a área desmatada é convertida em pasto. Já a degradação é a extração das árvores, normalmente para comercialização da madeira, ou incêndios florestais.
Seja Legal com a Amazônia
Com os crescentes problemas ambientais na Amazônia, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura em conjunto com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag); Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC); Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC); Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS); Indústria Brasileira de Árvores (Ibá); Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon); Instituto Ethos; Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) e Sociedade Rural Brasileira (SRB) realiza a Campanha Seja legal com a Amazônia.
A campanha #SejaLegalcomaAmazonia tem como foco o combate à grilagem e a ocupação ilegal de terras públicas no bioma, que inclui territórios indígenas, unidades de conservação e florestas não destinadas – ou seja, aquelas que pertencem à União, mas estão sem uso específico.
O site sejalegalcomaamazonia.com.br mostra os principais objetivos da campanha, que pede medidas efetivas dos poderes públicos para desafios como a resolução de conflitos fundiários.
A campanha busca ainda sensibilizar e mobilizar a população para esse problema, que é de toda a sociedade. No site, é possível assinar um manifesto e enviar por e-mail para o Procurador Geral da República e para o Ministro da Justiça, pedindo apoio às medidas para combater essas ilegalidades na Amazônia.
O CEBDS defende o aprimoramento dos sistemas de controle e monitoramento para zerar o desmatamento ilegal no curto prazo na Amazônia e em todos os biomas, e reduzir o desmatamento legal.
“A maior parte do desmatamento da Amazônia é ilegal. Tem que fiscalizar. Desmatamento não é um bom negócio pra gente. A gente perde muito com o desmatamento ilegal. Você está permitindo que algo que está lhe rendendo zero de valor atrapalhe toda uma indústria florestal que o Brasil hoje é campeão. A Suzano, por exemplo, é uma grande empresa brasileira e do mundo. Ela exporta os produtos dela. Se for feito de forma sustentável todo mundo ganha. O agrobusiness sério, sustentável, é importantíssimo para a economia. Não é pensar em vender commodities pura e simplesmente. É vender com valor agregado”, avalia a presidente do CEBDS, Marina Grossi.