Nos últimos três anos, as empresas em atuação no Brasil implantaram 1.340 projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa, totalizando um investimento de mais de US$ 85,8 bilhões que resultaram em 217,9 milhões de CO2 evitados nesse período.
Esses dados tiveram destaque no Painel de Ação Climática, evento paralelo da Semana do Clima América Latina e Caribe – Climate Week, iniciativa da ONU, que acontece esta semana em Salvador (BA). O painel foi realizado nesta terça-feira (20) pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS ), em parceria com a Neoenergia e suas concessionárias da região Nordeste: Celpe Coelba, Cosan e Elektro, por meio do Programa de Eficiência Energética da Aneel.
A diretora técnica do CEBDS, Ana Carolina Szklo, reforçou que as iniciativas para redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas já são realidades nos grandes grupos em atuação no Brasil. Segundo ela, o risco climático já é um fator considerado, inclusive, para tomada de decisão de investimentos.
“A ação climática tem impulsionado projetos de inovação, competitividade, gerenciamento de riscos e crescimento das empresas, ao mesmo tempo em que proporcionam as reduções de emissões necessárias para mitigar as mudanças climáticas e contribuir com o Acordo de Paris”, disse Ana Carolina, que moderou o painel.
“88% da nossa energia é limpa, um número superior à média nacional. Nossa política de mudanças climáticas está alinhada ao ODS 13 (Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos)”, disse Solange Ribeiro, diretora presidente adjunta da Neoenergia.
No painel, a executiva fez uma defesa enfática da adoção do mercado de carbono no Brasil. “O mercado de carbono é muito importante para ser regulamentado. Não é mais opcional, faz parte do core business e da sustentabilidade do negócio no longo prazo”, afirmou.
Itaú Unibanco: metas de redução emissões de GEE
A superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Negócios Inclusivos do Itaú Unibanco, Luciana Nicola, destacou que a instituição tem metas públicas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e publica editais para compensar CO2. Luciana ainda destacou que a Bike Itaú é um dos projetos do banco para contribuir com redução de emissões e conscientização. “Se todas as cidades usassem todo potencial de deslocamento por bicicletas, teríamos uma redução de 18% de CO2 nos centros urbanos”, disse Luciana.
A executiva do Itaú Unibanco destacou ainda a Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), iniciativa composta por investidores de diversos setores para classificar e mensurar os riscos climáticos. “Temos um grupo na Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para criar um padrão para TCFD. O que a gente percebe é que existem diferenças de setor para setor. Quais são mais sensíveis às mudanças climáticas e como devemos olhar para eles?”, perguntou Luciana. A maioria das empresas brasileiras já vem se antecipando à identificação de riscos ocultos em suas operações, com 57% delas utilizando políticas de precificação interna de carbono.
As empresas do setor de cimentos têm compromisso para redução de emissões de CO2 no Brasil. “Já em 1999 começamos a discutir um compromisso para redução de CO2. E agora temos um roadmap do setor de cimentos nacional para tornar o setor ainda mais eficiente”, informou Álvaro Lorenz, diretor técnico global da Votorantim Cimentos.
Segundo ele, no Brasil, o setor de cimento representa 2,6% das emissões de GEE, bem abaixo da média global. Estamos em uma posição de vanguarda nesse tema”, afirmou o executivo da Votorantim Cimentos, no evento paralelo da Semana do Clima. Esse é um dos eventos regionais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que antecedem a COP-25, que será realizada em dezembro, em Santiago, no Chile.
Apoio à precificação de carbono
Itaú, Natura e Lojas Renner, empresas associadas ao CEBDS, aderiram, nesta terça-feira (20), em Salvador, à carta aberta do CEBDS que defende a Precificação de Carbono no Brasil. Com isso, o documento passa a contar com o apoio total de 31 CEO`s e CFO’s de grandes empresas e organizações para o estabelecimento de um mecanismo de precificação adequado às características da economia e ao perfil de emissões de GEE do país. Dessa forma, a organização pretende incentivar investimentos, garantir a competitividade das empresas e estimular a inovação tecnológica de baixa emissão no Brasil.