Rio de Janeiro, 09 de junho – A pandemia da Covid-19 está exigindo das organizações respostas ágeis, novas soluções e abordagens sistêmicas dos negócios, ao mesmo tempo em que demanda do profissional de comunicação um olhar mais apurado no combate à informações distorcidas ou enganosas; bom senso para evitar os apelos do marketing ante à real situação de vulnerabilidade da sociedade; e uma forma mais humanizada de comunicar, com propósito e foco.
Como a comunicação pode contribuir para tornar os negócios mais resilientes e se apropriar da inovação para melhor comunicar suas práticas de sustentabilidade? Para debater essas questões, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) promoveu nesta terça-feira, 09, um debate tendo como pano de fundo o lançamento do Guia CEBDS de Comunicação e Sustentabilidade, já disponível para download.
Apesar da sustentabilidade já estar entre os fatores relevantes para tomada de decisão nas empresas, ainda existe um descasamento entre as agendas da sustentabilidade, propriamente dita, e a imprensa. “Há uma dificuldade de conectar as questões da sustentabilidade com a coisas que fazem parte do nosso cotidiano. Aí está o desafio dos comunicadores: traduzir para o grande público essas agendas urgentes, para que gere de fato um maior interesse na sociedade”, ponderou Marina Grossi, presidente do CEBDS. Para Agostinho Viera, idealizador do projeto Colabora, o descasamento das agendas se deve a pouca informação. “Sustentabilidade não é só bichinho e plantinha, ela cerca tudo o que estamos envolvidos. Ou seja, podemos abordar todas as notícias com o olhar de sustentabilidade, entender em qual ODS (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável) ela se encaixa ou impacta e construir uma pauta que realmente gere transformação. Mas ainda falta esse entendimento que a sustentabilidade – ou a falta dela – impacta a todos nós”, afirmou.
Hamilton dos Santos, diretor da ABERJE, acredita que já houve mudança no entendimento do que é sustentabilidade, mas ainda existe um longo caminho a ser trilhado. “Na primeira edição do Guia, a sustentabilidade ainda estava muito ligada ao discurso institucional das empresas. Acredito que esse seja um momento oportuno de repensar. Para obter resiliência e inovação precisamos estar preparados e organizados, pela educação e práticas, de dentro para fora das companhias”, complementou.
Viviane Mansi, Diretora Regional de Comunicação e Sustentabilidade da Toyota, acredita que problemas complexos, como o momento que vivemos, exigem soluções conjuntas. “A pandemia nos possibilitou criar um sistema de cadeia mais forte, no qual grandes empresas estão protegendo as pequenas, garantindo a manutenção dos elos da cadeia. Esse é um dos nossos papéis como grande empresa, que permite a geração de uma boa reputação. Mas isso deve ser sempre o resultado final do que fazemos e não a motivação comentou.
Orson Ledezma, CEO da Ecolab, destacou a importância da comunicação voltada para os colaboradores, que também não pode ser esquecida nesse novo cenário. “A comunicação é relevante porque, permite o diálogo com a sociedade, clientes, governo e, principalmente, com o público interno. Trazer clareza nas informações e decisões da companhia é um dos aspectos mais relevantes para garantir transparência e multiplicar bons resultados nesse momento”, concluiu.
Novas formas de comunicar
Inovar é um dos caminhos para melhor comunicar e engajar. Andréia Coutinho, Coordenadora de Comunicação do Instituto Clima e Sociedade (iCS), mostrou como a inovação pode ser uma ferramenta para mudar esse paradigma de descolamento das pautas sustentáveis para com a sociedade, extrapolando os limites das discussões fechadas em colegiados e academias. “Apoiamos no fim do ano passado a exposição ‘Dia Seguinte’, que mostrava o impacto das mudanças climáticas nas cidades e na vida das pessoas. Com uso de criatividade e tecnologia trouxemos para a mesa a pauta do clima, fazendo com fosse possível refletir sobre o futuro que queremos. Em um mundo de disputas de narrativas, quando entendemos que a pauta da sustentabilidade é uma pauta interseccional de gênero, raça e escolhas diárias, fica mais fácil seguir com isso”, disse.
Resiliência e inovação foram apontados por Karla de Melo, Casa da Moeda, como as chaves para as empresas e os profissionais de comunicação enfrentarem esse cenário complexo, tendo em vista que a chamada “zona de conforto” não existe mais em nenhum setor produtivo. “O profissional de comunicação cresceu muito nas empresas nesse momento de pandemia, o que exige maior protagonismo dos mesmos. No momento de crise, é fundamental adaptação às mudanças, respostas rápidas e pensamentos diversos e disruptivos, pensando em todas as soluções possíveis”, disse.
Para a gerente de comunicação do CEBDS e coordenadora do projeto do Guia de Comunicação e Sustentabilidade, o papel dos profissionais é fazer com que o tema sustentabilidade deixe de ser discutido em nichos dentro das empresas e permeie toda a atividade. “Nosso papel é incentivar políticas públicas, mostrar para sociedade a importância de fazer o certo e também os exemplos de atuação das empresas que estão na vanguarda, para que elas inspirem outras a fazerem o mesmo e replicarem atitudes sustentáveis em seus negócios”.
Carbono Neutro
Todas as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) resultantes da elaboração, construção e divulgação do novo Guia CEBDS de Comunicação e Sustentabilidade, foram compensadas pela WayCarbon, no Programa Amigo do Clima que apoiou o projeto. A compensação das emissões foi realizada via crédito do mercado de carbono voluntário, movimentando o mercado de carbono no Brasil.
“O nosso papel no Guia foi tornar o carbono neutro. No novo normal, pós-pandemia, todo esforço importa. Temos que sair do que eu faço, para o como eu faço. Novas exigências estão se colocando para a sobrevivência dos negócios, muito além de salvar o fluxo de caixa. Reinventar seus negócios, identificar partes interessadas e que não faziam parte do seu diálogo antes, nem da sua cadeia de valor, revisitar políticas internas para viabilizar ações de filantropia, são alguns dos temas na pauta. A zona de conforto mudou. O significado de fazer nossa parte também mudou, assim como a nova responsabilidade dos colaboradores”, afirmou Laura Albuquerque, da WayCarbon.
O Guia
Esta é a segunda edição do Guia de Comunicação e Sustentabilidade – que também traz um capítulo sobre fake news, inclusive com dicas para minimizar seus efeitos – e atualiza a primeira, lançada 2009, quando ainda não estavam definidos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), lançados pela ONU em 2015, e o Acordo de Paris.
Resultado de um processo colaborativo e plural realizado ao longo de dois anos (2018/2019), a publicação ouviu mais de 150 profissionais, entre consultores, jornalistas, professores e profissionais especialistas em sustentabilidade e comunicação corporativa. Quando perguntados que nota dariam, em uma escala de 0 a 100, para o quanto acreditam nas narrativas sobre sustentabilidade das empresas, os jornalistas que responderam à pesquisa deram a nota média 43.O Guia está estruturado em três pilares: a Comunicação da Sustentabilidade, a Comunicação para a Sustentabilidade e a Sustentabilidade da Comunicação. A Comunicação da Sustentabilidade é aquela que dá notoriedade às ações e práticas sustentáveis que a empresa desenvolve.
O Guia de Comunicação e Sustentabilidade tem patrocínio da Toyota, BRK Ambiental, CBA, Diversa, Ecolab, Heineken, Michelin, Eletrobras e Governo Federal, e apoio da Aberje, Agência Lupa, Projeto Colabora e WayCarbon.
Próxima agenda: amanhã
O próximo webinar acontece amanhã, 10, das 10h às 11h30, e vai discutir Risco e Reputação. Será transmitido no canal do CEBDS no Youtube.
ORIENTAÇÃO DO TEMA: Tatiana Maia Lins, fundadora da Makemake
ENCERRAMENTO: Marina Grossi, presidente do CEBDS, e Aberje
DEBATE
Glauce Ferman – Diretora de Comunicação e Marcas da América do Sul da Michelin
Lucia Casasanta – Diretora de Governança, Riscos e Conformidade da Eletrobras
Leandro Faria – Gerente de Sustentabilidade da CBA
Sonia Favaretto, Jornalista e SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU
MODERAÇÃO: Gilberto Scofield, Diretor da Agência Lupa
SOBRE O CEBDS
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil, além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema. Fundado em 1997, reúne cerca de 60 dos maiores grupos empresariais do país, responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos. Representa no Brasil a rede do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que conta com quase 60 conselhos nacionais e regionais em 36 países e de 22 setores industriais, além de 200 grupos empresariais que atuam em todos os continentes. Mais informações: https://cebds.org/.
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Débora Rolando