Foto: palestrantes e equipes organizadoras do CEBDS, GIZ e SEB
A estruturação do mercado de títulos verdes, ou green bonds, no Brasil foi o tema central dos dois workshops promovidos nessa terça (13) e quarta-feira (14) pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em parceria com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e o Banco Skandinaviska Enskilda (SEB). O evento, realizado em São Paulo, contou com cerca de 90 representantes de empresas, mercado financeiro, setor público e universidades.
Os workshops foram baseados em três pilares – definições, seleção e verificação – apresentados por especialistas em finanças e clima a nível regional e internacional. Após a discussão técnica e conceitual, os palestrantes expuseram suas experiências nos papeis de emissor, investidor e instituição financeira multilateral.
No segundo dia, o público foi convidado a participar de um exercício prático que consistia em avaliar a qualidade e transparência do framework das emissões de títulos verdes feitas pela Apple e a MuniFin, instituição de crédito para governos locais na Finlândia.
“A emissão de green bonds auxilia a empresa a cumprir com os Princípios para Investimento Responsável (PRI, na sigla em inglês), iniciativa capitaneada pela ONU que reúne metade dos recursos de todos os investidores globais”, afirmou Mats Olausson, consultor sênior de Soluções Financeiras para Clima e Sustentabilidade do SEB.
Ele ressaltou a importância de se adaptarem as diretrizes e recomendações para a emissão de títulos verdes à realidade de cada país, além de abordar as oportunidades que se abrem para as empresas. “Os títulos verdes são uma chance para conectar os especialistas em sustentabilidade e finanças, integrando processos dentro das empresas e instituições na definição de que projetos serão elegíveis como green bond“, explicou.
Tess Olsen-Rong, da Affirmative Investment Management, falou sobre a visão dos investidores neste processo. “A nossa preocupação é com o impacto dos investimentos. Por isso, é esperado dos emissores de greens bonds que façam divulgações periódicas detalhando como foram realizadas as emissões”, concluiu.
Guilherme Hirata, gerente executivo de Finanças Corporativas da Suzano Papel e Celulose, primeira empresa a emitir títulos verdes no mercado brasileiro, comentou essa experiência. “Os investidores que buscam títulos verdes estão crescendo rapidamente no mundo e ter o selo green vem facilitando o acesso ao crédito, além de ter um apelo reputacional muito grande. Os custos adicionais de emitir um título com o selo verde são marginais frente ao incremento na base de investidores e ter as certificações prévias ajudou muito a acelerar o processo, que durou apenas 35 dias”, destacou.
Com as emissões, a Suzano irá financiar 3 projetos na área florestal da empresa: silvicultura sustentável, recuperação florestal e preservação da biodiversidade. Além disso, outros três projetos na área industrial serão bancados: eficiência energética, energia renovável e gestão de recursos hídricos.
Luciano Scheizer, especialista da Divisão de Mercados de Capital e Instituições Financeiras do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), abordou o papel da instituição na transição para a economia de baixo carbono. “As principais metas do BID são enfrentar a mudança climática e apoiar o desenvolvimento de energias renováveis e da sustentabilidade ambiental. Para isso, assumimos o compromisso de dedicar 30% de nossa carteira de investimentos ao combate das mudanças do clima “, enfatizou.
Para Fernando Servidone Magri da Gerência de Sustentabilidade da CPFL Energia o workshop foi muito esclarecedor ” o evento mostrou todas as etapas de emissão dos títulos verdes e as responsabilidades de cada ator no processo, além disso, foi importante conhecer com detalhes, o processo de “Segunda Opinião” e as expectativas na visão dos investidores”, afirma Magri.
O Guia para Emissão de Títulos Verdes, elaborado pelo CEBDS em parceria com Febraban, foi apresentado durante o workshop. Harald Franck, do Center for International Climate and Environmental Research (CICERO), ressaltou que esse é um importante instrumento para a consolidação do mercado de green bonds no Brasil. “O guia do CEBDS facilita muito o trabalho dos emissores”, sublinhou.
A coordenadora das Câmaras Temáticas de Mudança do Clima e Energia e Finanças Sustentáveis do CEBDS, Lilia Caiado, destacou a troca de experiências proporcionada pelo evento. “O workshop foi bastante produtivo e cumpriu com o seu objetivo de integrar os setores empresarial, público e financeiro em torno da temática dos títulos verdes, apresentando desde os desafios técnicos até a prática da emissão dos títulos. Essa troca é fundamental para seguirmos avançando na consolidação de um mercado nacional de green bonds“, frisou.
Aliança Estratégica
O workshop sobre Títulos Verdes é fruto de uma parceria do CEBDS com a Strategic Alliance, formada pela GIZ e o SEB. O objetivo da iniciativa é o desenvolvimento do mercado de títulos verdes nas economias emergentes do G20, visando a transição para uma economia de baixo carbono e o alinhamento às prerrogativas do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A fim de promover a transparência e a integridade ambiental dos padrões e procedimentos, que são cruciais para o desenvolvimento sustentável de longo prazo neste estágio ainda incipiente do mercado, GIZ e SEB vêm oferecendo, dentre outras coisas, workshops temáticos sobre green bonds a todos os grupos interessados.
Confira as apresentações:
Workshop 13 dezembro
- Schneider
- Laura – CEBDS
- GIZ
- Lilia – CEBDS
- Cicero
- AIM – 1ª e 2ª apresentações
- Suzano
- BID
Workshop 14 de dezembro
- Schneider
- Laura – CEBDS
- GIZ
- Lilia – CEBDS
- Cicero
- Suzano
- BID
- AIM – 1ª e 2ª apresentações
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