Por Kempson Cabral e Karen Tanaka
A economia brasileira deve se guiar pelo desenvolvimento sustentável e seguir para um cenário de baixo carbono, recomendam o grupo de ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central brasileiro em uma reunião histórica realizada nesta quarta-feira (14/07).
Na ocasião, as autoridades lançaram a carta “Convergência pelo Brasil”, que traz as ações cruciais, incluindo zerar o desmatamento na Amazônia e aumentar a resiliência climática. Ela tem as assinaturas de Alexandre Tombini, Armínio Fraga, Eduardo Guardia, Fernando Henrique Cardoso, Gustavo Krause, Gustavo Loyola, Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Joaquim Levy, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Marcílio Marques Moreira, Nelson Barbosa, Pedro Malan, Persio Arida, Rubens Ricupero e Zélia Cardoso de Mello. A iniciativa tem o apoio do Instituto Clima e Sociedade e do Instituto O Mundo Que Queremos.
Para o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, “já passou a hora de falarmos sobre meio ambiente”. Ficou claro para este grupo que o desenvolvimento sustentável é indispensável para uma política econômica sólida e para a resiliência a longo prazo do país. “A crise da Covid-19 evidenciou a percepção da desigualdades e a necessidade do desenvolvimento sustentável. O Brasil tem que sair da posição que está hoje para uma posição de liderança”, diz Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central.
Para Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e observador do Conselho de Líderes do CEBDS, temos grandes vantagens para alcançarmos uma economia limpa. E é necessário ter clareza e haver confiança do investidor local e estrangeiro.
Economia de baixo carbono
A Carta aponta que se deve buscar uma economia de baixo carbono, com investimentos públicos e privados que apoiem a transição da economia brasileira para um padrão de emissões líquidas de carbono zero, indispensável para estabilizar a temperatura média global.
Como bem lembrou Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda, há uma movimentação governamental por maior ambição climática em alguns países e um rearranjo de negócios que considerem um futuro descarbonizado, a exemplo da União Europeia, que fixou 2050 como meta para se tornar carbono zero, e na Alemanha, onde já começam a fabricar apenas automóveis elétricos.”
“Se o Brasil não se preparar para isso, chegaremos atrasados. Não podemos adiar a incorporação das tecnologias de vanguarda que nos levem para uma economia de baixo carbono”, afirmou Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda.
Futuro sustentável
São elencados quatro pontos necessários para que o Brasil insira o meio ambiente em sua política econômica: alcançar a economia de baixo carbono, zerar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, aumentar a resiliência climática e, por último, impulsionar pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias nesse mundo globalizado.
Somados a estes pontos, inclusão social e econômica, maior eficiência e produtividade nas atividades econômicas na região Amazônica, valorização e preservação da biodiversidade, adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono e pacotes de incentivos para a recuperação econômica dos efeitos da pandemia da Covid-19 são temas essenciais que constam em Comunicado do Setor Empresarial liderado pelo CEBDS com o apoio de um grupo de organizações e empresas. “Temos a oportunidade única, os recursos e o conhecimento para dar escala às boas práticas e, mais do que isso, planejar estrategicamente o futuro sustentável do Brasil”, diz o Comunicado.
Estamos testemunhando uma miríade de chamados públicos para que o governo e demais atores nacionais dêem atenção e prioridade às mudanças climáticas e a uma retomada verdadeiramente resiliente e verde. O Brasil tem o potencial de liderança sem igual, pois possui enorme riqueza em biodiversidade, florestas, recursos energéticos renováveis e limpos.
As informações sobre a iniciativa Convergência pelo Brasil estão no site: www.convergenciapelobrasil.org.br