Desigualdade de gênero impede desenvolvimento sustentável, aponta Cepal

relatório “A autonomia das mulheres na mudança de cenários econômicos” da Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe mostra que a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres devem ser a base do novo modelo de desenvolvimento para a região. A América Latina e Caribe crescem menos, enquanto as desigualdades e a pobreza aumentam.

“As desigualdades de gênero são um obstáculo ao desenvolvimento sustentável. As mudanças no cenário enfrentado pela região são uma manifestação da urgência de avançar decisivamente em direção a estilos de desenvolvimento que contemplem a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres. Bem como a garantia dos direitos de todas as pessoas, sem exceção”, destaca o documento.

Segundo a Cepal é necessário esforços redobrados na elaboração de políticas públicas de igualdade que reconheçam a contribuição das mulheres para a economia por meio do trabalho doméstico e de cuidados sem remuneração.

“Se os estados não fornecerem serviços e benefícios públicos adequados, as famílias e, em particular, as mulheres, terão que responder individualmente, cada vez mais, às demandas de atendimento aos idosos, muitas vezes à custa de sua participação no mercado de trabalho, bem-estar e realização pessoal”.

Papel das empresas para a Igualdade de gênero

Um dos aspectos sobre direitos humanos que vem recebendo atenção do CEBDS diz respeito à sub-representação de mulheres e negros nas empresas, na política e no setor público em geral. Principalmente no que diz respeito à responsabilidade das empresas, dada a influência econômica dessas organizações. Levantamento da Global Justice Now conclui que, das 100 maiores organizações econômicas mundiais, 31 são Estados e 69 são multinacionais.

Cabe às empresas assumir compromissos em benefícios para a sociedade, além de práticas que permitam o gerenciamento do negócio a fim de minimizar impactos negativos e potencializar impactos positivos.

Trabalhar com a igualdade de gênero começa com políticas internas que envolvam diversidade, inclusão, equidade e conquistas de benefícios. A experiência tem mostrado que tais práticas se refletem tanto no convívio social do empregado em seu ambiente pessoal e profissional quanto nos impactos gerados pelos negócios das empresas.

Dados comprovam a baixa diversidade 

Dados levantados pelo Instituto Ethos indicam que o percentual de homens e mulheres e de brancos e negros no mercado de trabalho varia ainda de acordo com o cargo e posição. Estudo sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil, revelou que as mulheres são maioria nos cargos mais baixos. São 55,9% entre os aprendizes e 58,9% entre os estagiários. Entretanto, são expressiva minoria nos cargos mais altos, ocupando apenas 13,6% do quadro executivo das empresas (presidência, vice-presidência e diretoria).

O quadro racial é ainda pior: a presença de negros no nível de aprendizes é de 57,5%, contra 4,7% no quadro executivo, evidenciando uma intensa desigualdade entre brancos e negros, na medida em que o grau de hierarquia aumenta.

O cenário é semelhante no setor público. Levantamento da Escola Nacional de Administração Pública demonstrou que as mulheres representavam 43% dos servidores que trabalham na administração direta do Executivo Federal, enquanto os homens 57%.

O percentual de mulheres diminui conforme a elevação dos cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS). Em 2014, as servidoras ocupavam 45% dos cargos de DAS 1, 36% de DAS 4, 28% de DAS 5, e somente 19% de DAS 6.

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