O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), juntamente com o CEBDS e apoio da Lafarge realizou de terça-feira, 14, até quinta, 16/04, o “Laboratório de Eficiência Energética em Edificações”, primeira solução de negócios do Ação 2020 a ser implementada no Brasil, com o objetivo de contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa e o alcance do objetivo da sociedade estipulado para o tema de Mudança do Clima até 2020.
Após edições em São Francisco, Xangai, Varsóvia e Houston, o evento reuniu no Brasil mais de 40 entrevistados e 27 técnicos, entre investidores, designers, empresas de engenharia, facility operators, usuários e administradoras para dialogar, identificar barreiras e definir ações a serem implementadas, visando um aumento da eficiência energética nas edificações da cidade do Rio de Janeiro. Dentre eles Sérgio Ferraz Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Alexandra Maciel, coordenadora técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e representantes da prefeitura do Rio de Janeiro, da Light, Rio Urbe, dentre outros.
Após dois dias de laboratório foram discutidas as barreiras e identificadas as soluções para a implementação de medidas que conduzam à eficiência energética nas seguintes áreas: conscientização (benefícios da eficiência energética); financiamentos e investimentos; capacitação da mão de obra; políticas e regulação.
De acordo com Marina Grossi, presidente do CEBDS, um dos grandes gargalos para a eficiência energética são os entraves para o financiamento para esses projetos no Brasil, como evidencia a publicação apresentada durante o evento “Destravando o Financiamento à eficiência energética no Brasil”. “O que temos hoje é a falta de profissionalização dos agentes bancários, falta de conhecimento as linhas de credito disponíveis, disputa com outros projetos diretamente ligado ao core business das empresas”, afirmou.
O estudo evidencia que há uma oferta de R$ 400 milhões em linhas de financiamento e instrumentos financeiros exclusivos para eficiência energética. Se forem consideradas as linhas não exclusivas, em que se pode captar recursos para projetos de eficiência, há um montante de aproximadamente R$ 42 bilhões disponíveis. Apesar da disponibilidade crédito, o Brasil apresenta baixos índices de eficiência energética quando comparado com as principais economias do mundo. O país utiliza menos de 30% do seu potencial de eficiência energética ficando na 15ª posição entre 16 economias analisadas na publicação.
Para Roland Hunziker, Coordenador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações do WBCSD, esse foi o primeiro passo das discussões. “O trabalho não está chegando ao fim, somente demos o start. Vamos elaborar um plano de ação para alcançar transformações de mercado a partir de comprometimentos assumidos aqui por todas as instituições presentes, por meio de fóruns. Daqui aproximadamente dois meses iremos apresentar um documento com ações táticas para serem implementadas no Rio”, afirmou.
Não somente representantes das empresas participaram das discussões. Nelson Moreira Franco, Gerente de Mudanças Climáticas e de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio, mostrou algumas das ações que já vem desenvolvendo a nível municipal nesse sentido. “Os prédios do governo serão os primeiros a serem eficientes, justamente por acreditamos que o poder público deva dar exemplo para a sociedade”, disse.
Um dos principais entraves levantados pela maioria dos palestrantes foi a falta de regulação do setor e de ferramentas para o consumidor regular seu gasto, o que ainda necessita ser aprimorado e desenvolvido. Paulo Stark, CEO Siemens, fechou a discussão levantando o seguinte questionamento. “Por que ainda permitimos a construção de edifícios não ecoeficientes, se temos a tecnologia para isso?”
Também estiveram presentes no evento: Paulo Henrique Souza, Gerente de EcoBuilding da Schneider; José Guilherme Cardoso, Chefe do Departamento de Meio Ambiente do BNDES; Alexis Langlois, CEO da Lafarge; Alexandra Maciel, Analista de Infraestrutura do Ministério de Meio Ambiente; Eduardo Camillo, Superintendente de Relações Institucionais da Light; Myrthes Marcele Faria dos Santos, do SEBRAE, Pedro Rolim, da Prefeitura do Rio de Janeiro, entre outros.