Este texto continha informações incorretas e foi atualizado nos dias 23 e 24 de dezembro
Depois de liderar a agenda sustentável no Brasil e no mundo, durante o ano marcado pela pandemia do Coronavírus, o setor empresarial começará 2021 de olho nas Conferências das Partes (COP) de Biodiversidade (COP15), em maio, e de Clima (COP26), em novembro. Será um ano de grande expectativa sobre o início da implementação de metas nacionais e como fazer avançar o Acordo de Paris após seus cinco anos iniciais. Muitas das tarefas pela frente exigem a participação ativa do setor empresarial e dos governos, seja na mesa de negociação, seja no desenho de normas voltadas para uma retomada verde da economia.
Essa é a avaliação da equipe técnica do CEBDS, que projetou os principais desafios à frente na agenda climática, de energia, água, alimentos, biodiversidade e pessoas. Trata-se de uma visão de curto a médio prazo, ao mesmo tempo em que preparamos os detalhes finais de lançamento da (Re)Visão 2050, um exercício de reinvenção do capitalismo na direção de uma economia do cuidado. É um modelo que prevê maior parceria entre setor público e privado; economia circular e regenerativa; e maior foco nas pessoas e diversidade no ambiente de trabalho, inclusive na liderança das empresas.
No primeiro semestre, o CEBDS dará sua contribuição para apoiar o cumprimento do Acordo de Paris. Lançaremos uma proposta de Marco Regulatório do Mercado de Carbono no Brasil, algo que representará uma vantagem competitiva para o alcance das metas de clima dentro de mecanismos de mercado que serão discutidos em Glasgow e também um incentivo para manutenção e recuperação dos biomas e combate ao desmatamento ilegal e queimadas.
As metas do Acordo de Paris estarão presentes ao longo de toda a década de implementação, ressaltam a gerente técnica de Mudança do Clima do CEBDS, Karen Tanaka, e a analista técnica Elissa Tokusato. Os países terão que tirar do papel as Contribuições Nacionais Determinadas (NDC), na sigla em inglês. “É a década final de atuação para a Agenda 2030, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, e importantíssima para o início do prazo de cumprimento das metas estabelecidas das NDC de 2020 a 2025, dentro do Acordo de Paris”, afirmam.
O mundo dos negócios continuará, ao longo de 2021, precificando riscos relacionados à mudança climática e exigindo que empresas declarem estes passivos em seus balanços. Deve ser um ano, também, de mais investimento em projetos sustentáveis e regenerativos, depois do posicionamento dos grandes bancos nacionais contra o desmatamento na Amazônia e apoio na distribuição do auxílio emergencial durante a pandemia.
Mais responsabilidade
De acordo com a equipe técnica do CEBDS, a responsabilidade das empresas será cada vez mais ampla. “O setor empresarial deve protagonizar uma mudança comportamental para uso mais responsável dos recursos hídricos”, aponta Juliana Lopes, consultora de Água e Biodiversidade. Ao mesmo tempo, cabe ao poder público definir normas e diretrizes claras nas licitações de serviços previstos no Marco do Saneamento orientadas a promover a segurança hídrica.
O engajamento das empresas nos encontros multilaterais de 2021 pode auxiliar na transição para o maior bem estar. Em 2021, acontece o primeiro fórum mundial das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, o UN Food System Summit. “A participação ativa do governo brasileiro, comunidade científica e empresas, nas negociações, compromissos e atração de investimento é um imperativo para garantir sistemas alimentares saudáveis, sustentáveis, resilientes e inclusivos”, ressalta a analista técnica Nina Von Lachmann.
Cinco anos depois do Acordo de Paris, temos à frente dez anos para cumprir os ODS e transformar a economia mundial. Essa é a ambição do setor privado brasileiro. O ano de 2021 será de muito trabalho e muita negociação para as bases da retomada da economia que defendemos.