CEBDS debate ODS em painéis da Virada Sustentável

Levar os Sustainable Development Goals (SDGs) para o cotidiano das pessoas. Essa foi a mensagem da presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, no painel “Rio e seus caminhos para a sustentabilidade”. O debate, que aconteceu no Museu de Arte do Rio na manhã desta sexta-feira (9), abriu a primeira edição da Virada Sustentável no Rio de Janeiro.

Diante de um auditório lotado, a presidente do CEBDS ressaltou a importância de se traduzir a sustentabilidade e suas inúmeras pautas para outras linguagens, envolvendo mais as pessoas.

“Desejo que todos falem de sustentabilidade, que todos entendam do assunto. Nesse sentido, a Virada é um laboratório importante, ainda mais sendo norteado pelos ODS. O espírito da Virada é pensar no futuro”, destacou Grossi. Para ela, a sustentabilidade estará plenamente implementada quando for pauta da vida cotidiana e tiver a capacidade de “virar” ideias e transformar sujeitos.

O economista e professor da PUC-Rio, Sérgio Besserman, e a líder executiva da Agência Juntos, Marta Porto, também apresentaram suas visões. “Os ODS estão contemplados em todas as atividades propostas pela Virada. Isso só reforça a ideia de que os ODS não devem ficar restritos à elite institucional, devem ganhar as ruas”, afirmou Besserman.

Além disso, o professor frisou a necessidade da descarbonização da economia. “A transição para economia de baixo carbono é uma grande oportunidade para o Brasil e o Rio é uma expressão dessa potência sustentável”, declarou.

Porto lançou uma nova perspectiva no debate. “A arte, a cultura e os direitos humanos devem estar no coração dos ODS. O Brasil é capaz de matar mais do que na Síria. Isso não é sustentável, não é possível manter esse grau de violência e violação”, acentuou. O painel foi mediado pela presidente do conselho do Greenpeace Brasil, Marcella Monteiro.

No primeiro dia da Virada Sustentável os assessores técnicos do CEBDS, André Ramalho e Laura Albuquerque, também foram painelistas nos temas recursos hídricos e mudanças climáticas. Veja abaixo.

 

Painel Águas

A Virada reuniu distintas vozes no debate baseado no SDG 6. Apesar disso, a tônica da discussão foi uma só: a saída para a gestão eficiente dos recursos hídricos é a ação coletiva.

André Ramalho (CEBDS) apresenta proposta no painel de águas

André Ramalho, biólogo e coordenador das Câmaras Temáticas de Água e Biodiversidade do CEBDS, lembrou que recentemente diversas regiões no país passaram por períodos de falta de água. Para ele, temos agora a oportunidade de nos prepararmos para o próximo período de escassez.

A sua apresentação rendeu uma sugestão ao debate de gestão eficiente das águas. “Um dos caminhos é investir em infraestrutura natural consorciada com infraestrutura cinza. Para isso, precisamos agir coletivamente, compartilhando investimentos, inteligência e aprendizados”, destacou o assessor do CEBDS.

Outro tema abordado foi a despoluição da Baía de Guanabara. Sérgio Ricardo, fundador do movimento Baía Viva, pontuou as contribuições que tal ação trará para a mobilidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Isabel Swan, velejadora olímpica e associada do Instituto Rumo Náutico, foi enfática. “Precisamos criar um pacto com apoio corporativo e engajamento social para termos de volta nossa Baía de Guanabara saudável”. A professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento da UFRJ, Estela Neves, complementou citando os casos de despoluição dos rios Tâmisa, na Inglaterra; Sena, na França; e Reno, na Suíça e Alemanha.

Joel de Oliveira, diretor da O2eco, destacou a necessidade de se pensar em tecnologias disruptivas, pontuando que nos últimos 30 anos os métodos de tratamento das águas no Brasil não mudou muito. Ele apresentou a TWC, que chega a ser 5 vezes mais barata do que qualquer tecnologia de limpeza de águas no mundo.

Rubens Filho, coordenador de comunicação do Instituto Trata Brasil, trouxe dados sobre o saneamento básico no país. “O Brasil joga, por dia, 5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento em nossas água. Cerca de 42% do esgoto no país é tratado, o restante é despejado em nossos rios, lagos e mares”, explicou.

 

Painel Mudanças Climáticas: Inovação e Futuro

Partindo dos ODS 9 It is 13, o painel de mudanças climáticas debateu a descarbonização da economia e apresentou cases de sucesso da gestão de carbono em grandes empresas, como a braskem, nossa associada, e a Duratex.

Laura Albuquerque comenta estudo do CEBDS no painel de mudanças climáticas

Laura Albuquerque, coordenadora das Câmaras Temáticas de Mudança do Clima e Energia e Finanças Sustentáveis do CEBDS, traçou um histórico dos acordos climáticos internacionais e comentou o estudo Oportunidades e desafios das metas da NDC brasileira para o setor empresarial, lançado pelo CEBDS com apoio do We Mean Business.

“Não temos como falar do Acordo de Paris sem citar a recente saída dos EUA. Isso afeta a construção e o diálogo multilateral que aconteceu nos últimos anos. É uma péssima notícia para o mundo, mas para o CEBDS e seus parceiros nacionais e internacionais o compromisso não mudou. É momento de reafirmar a agenda. Acreditamos que a transição para a economia de baixo carbono não tem volta”, enfatizou.

A diretora do CDP, Juliana Lopes, reforçou a necessidade de se implementarem mecanismos de finanças sustentáveis. “Os países que adotarem a precificação de carbono crescerão melhor e mais rápido. A comunidade de investidores já sinaliza que vai desinvestir nas atividades mais intensivas de carbono e irá direcionar esses recursos para atividades com menores taxas de emissões. O Brasil tem uma grande oportunidade de sair na frente, é um novo mercado se abrindo”, pontuou.

Andrea Lopes, especialista em Meio Ambiente da Firjan, citou o caso das chuvas de 2011 na Região Serrana do Rio, que além das vidas perdidas, causaram um prejuízo de R$ 4 bilhões. “A economia de baixo carbono só será possível por meio da inovação, do uso de energias e matérias-primas renováveis, e eficiência em todos os processos industriais”, defendeu.

Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, apresentou as ações de mitigação e adaptação implementadas pela empresa. Ele também convocou todos a repensarem suas atitudes em prol de um mundo mais sustentável.

Bruna Fernandes, especialista em Sustentabilidade da Duratex, compartilhou como a empresa faz a gestão do carbono em toda sua cadeia produtiva. A diretora do Instituto-E, Nina Braga, argumentou que é preciso mudar o paradigma dos produtos sustentáveis. A mediadora do painel foi a jornalista Janine Saponara.

 

Virada Sustentável

Museu de Arte do Rio é um locais da Virada

A Virada Sustentável é um movimento de mobilização colaborativa em prol da sustentabilidade. Nasceu em São Paulo e já está em sua sétima edição por lá. Manaus, Valinhos e Porto Alegre também já receberam o festival, que envolve de coletivos de cultura a empresas em sua articulação.

Neste ano, a concepção da Virada é baseada nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU. A primeira edição no Rio de Janeiro começou nesta sexta (9) e segue até o próximo domingo (11). Na schedule, centenas de atividades gratuitas que alcançam 84 bairros da cidade.

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