Evento marcou inauguração da nova unidade da WeWork no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 16 de abril. Discussões sobre disparidade salarial entre homens e mulheres e a baixa ocupação feminina em cargos de liderança no mercado de trabalho marcaram a inauguração na nova unidade de espaço compartilhado de trabalho da WeWork, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O debate foi mediado pela presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Marina Grossi, e teve participação da presidente do Instituto Nissan, Rosane Santos, da líder de Diversidade e Inclusão da Oracle, Daniele Botaro, da sócia da IntegRHa, Renata Ferraz, e do gerente de Pessoas da WeWork, Pedro Cotrim.
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas é o quinto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), lembrou Marina Grossi. “Ainda há uma diferença imensa entre os salários de homens e mulheres no Brasil. Mulheres ganham 77% do valor do salário dos homens e mulheres negras, 40%. Como podemos começar a pensar a reverter essa situação?”, provocou.
A executiva da Nissan Rosane Santos falou da importância de ações de empoderamento, como o que desenvolve voluntariamente em comunidades do Complexo da Maré, e destacou a importância do trabalho de mentoria para incentivar o desenvolvimento profissional de mulheres. “Se não nos empoderarmos para ocuparmos espaços, mostrarmos quem de fato somos e nosso potencial, vai ser cada vez mais difícil promover a equidade”, afirmou.
Como idealizadora da empresa de RH que tem o propósito de fomentar a diversidade corporativa em todos os seus aspectos (de pensamento, habilidades, cultural, social, gênero e racial), Renata Ferraz reconhece que o empresariado brasileiro ainda não compreende a vantagem competitiva que um ambiente diverso proporciona. “O brasileiro infelizmente ainda é preconceituoso e machista na contratação, e ainda não incorporou formas de agregar diversidade entre seus profissionais, como empresas multinacionais já estão fazendo”.
Por outro lado, Renata acredita que falta estímulo à ambição de mulheres para se candidatarem a cargos de alta liderança. “A mulher acredita que precisa ser perfeita para o cargo e só se candidata quando acha que preenche 100% dos requisitos. Já os homens se aplicam na seleção quando possuem 30% das habilidades do cargo”, observou.
Políticas públicas e mudanças culturais
A falta de políticas públicas que obriguem as empresas promoverem equidade e diversidade em seus quadros e funcionários foi um dos pontos debatidos. “Enquanto não tivermos leis que realmente obriguem empresas a fazer algo pela equidade de gênero, nada vai mudar”, afirmou Daniele Botaro. A executiva também defende o uso de estratégias de recrutamento às cegas, quando o recrutador não tem acesso a informações básicas do candidato, como tom de pele, idade, gênero, local de moradia e até mesmo instituições de ensino onde se formou. “Uma vez fizemos um processo de seleção nesse modelo e tivemos nas etapas finais um pai de mais de 40 anos e um filho de 18”, contou. Tal estratégia ajudaria na eliminação do viés inconsciente nos processos de contratação e ajudaria na promoção da mudança cultural necessária para a promoção da diversidade nas empresas brasileiras.
Para Marina Grossi é necessário ampliar a diversidade e a representatividade de grupos minorizados, como mulheres e negros, nos âmbitos de tomada de decisão. Uma das propostas defendidas pelo CEBDS na sua agenda de proposições para políticas públicas é que o Portal da Transparência do Governo Federal divulgue a porcentagem de mulheres e negros em cargos de liderança em estatais e órgãos do Poder Público, de forma a dar mais transparência aos dados e incentivar a diversidade no setor privado.