Foi lançado nessa semana, em São Paulo o relatório “Exposição do Setor Financeiro ao Risco do Capital Natural no Brasil”. Encomendado como parte do “Diálogo sobre Finanças Verdes de Mercados Emergentes”, pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e a GIZ, a Agência Alemã para a Cooperação Internacional. A pesquisa foi conduzida pela Trucost, em parceria com um grupo de instituições financeiras brasileiras.
Fundos de pensão e bancos brasileiros estão expostos a bilhões de dólares de custos ambientais devido aos impactos ambientais causados pelas atividades das empresas que esses atores financiam ou investem. A integração de fatores ambientais em/nas decisões de financiamento pode ajudar as instituições financeiras a reduzirem esses riscos ambientais e ao mesmo tempo promover fluxos de capital para processos e produtos respeitadores dos recursos e do ambiente.
A pesquisa quantifica, em termos financeiros, os impactos do capital natural de 45 setores de negócios no Brasil, incluindo a agricultura, cimento, produtos químicos, energia, florestas e aço. Os impactos incluem as emissões gases de efeito estufa, consumo de água, desmatamento, resíduos, água e poluição do ar.
O estudo constata que o custo do capital natural total de empresas financiadas por bancos e fundos de pensão brasileiros é de R$ 1,646 bilhões. Os setores com os maiores custos de capital natural incluem a criação de gado, cultivo de soja e extração de petróleo e gás. Para cada milhão de reais de receitas, o setor de pecuária, por exemplo, gera R$ 22 milhões de impactos ambientais, principalmente por meio de desmatamento e de emissões de gases de efeito estufa. Da mesma forma, no caso do cultivo de soja, para cada R$ 1 M de receita gerada pelo setor, totalizam impactos ambientais no valor de quase R$ 3 milhões.
Marina Grossi, presidente do CEBDS, disse: “sabemos o quanto é desafiador colocar o tema de capital natural nas análises dos bancos e das empresas. É um assunto de vanguarda. Esse processo passa necessariamente por uma melhor gestão dos riscos ambientais e, para que a gestão destes riscos seja apropriada, é necessário trabalhar na identificação e mensuração destes riscos, antes de tudo. E estamos justamente nessa construção.”
O relatório recomenda que as instituições financeiras devam quantificar os custos do capital natural relacionando com as suas carteiras de investimentos e carteiras de empréstimos; avaliar os riscos destes custos virem a ser internalizados ao longo do tempo como resultado de regulamentação ou relacionando a volatilidade do clima; e incorporar considerações de capital natural em suas análises, processos de tomada de decisão e estratégias de investimento.
Para permitir isso, é fundamental que os bancos e os fundos de pensão usem sua posição para exigir melhores dados sobre os impactos do capital natural das empresas. Eles também devem incentivar as empresas a reduzir seus impactos ambientais e a utilização de recursos através da adoção de métodos de produção ambientalmente sustentáveis, como a energia renovável, irrigação eficiente e reciclagem de resíduos.
Richard Mattison, principal executivo da Trucost, disse: “A valorização do capital natural oferece aos bancos e fundos de pensão um novo quadro para compreender os riscos e as oportunidades dos seus investimentos e de suas atividades de financiamento. As instituições financeiras que integram as considerações do capital natural em sua avaliação patrimonial e nas decisões de concessão de empréstimos corporativos, podem se beneficiar através da redução dos riscos e identificação de oportunidades de negócios mais rentáveis.”
O relatório completo “Exposição do Setor Financeiro ao Risco do Capital Natural no Brasil” está disponível para download em nosso site.
Veja as apresentações:
Marcia Micheli – Real Grandeza
Tatiana Grecco – Itaú Asset Management