Árvores plantadas: setor da bioeconomia em crescimento

A edição 2020 do Relatório Anual da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), mostra como o setor vem se modernizando, via ciência e tecnologia, para atuar sempre de olho no futuro do planeta. Dividido em sete capítulos, o Relatório apresenta inovações que foram feitas na área, investimento empreendido, números do setor, novos usos da matéria-prima, e faz também uma revisão do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do setor e da área plantada, de acordo com novas metodologias. 

No primeiro capítulo, sobre as árvores plantadas em 2019, chama a atenção a variedade de produtos oriundos das árvores cultivadas, a inovação alinhada à criação de produtos com foco em bioeconomia e a representatividade no PIB: com receita bruta total de R$ 97,4 bilhões, o segmento representa 1,2% da soma das riquezas do país – um avanço de 12,6% em relação ao ano anterior.  O modelo sustentável de produção,  permitiu o crescimento do setor, mesmo num ano difícil como 2019, e gerou oportunidades a 3,75 milhões de brasileiros em todo o país. A expectativa é de que até 2023 sejam criados  mais 36 mil novos postos de trabalho. Estão previstos investimentos na casa de R$ 36 bilhões, em expansão e novas fábricas, até 2023. 

O cuidado ambiental do campo ao produto final, é reconhecido mundialmente. Vale ressaltar que 100% do papel produzido no Brasil vem de árvores plantadas para este fim. Com uma área total de árvores cultivadas somando 9 milhões de hectares, atua, de um modo geral, em locais anteriormente degradados pela ação humana. São 5,9 milhões de hectares destinados a Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). A área total supera o território do  Estado do Rio de Janeiro. Segundo dados da Embrapa, a indústria de árvores já ocupa um espaço maior do que toda a área urbana do país.

No ano passado, as  árvores plantadas totalizaram 9,0 milhões de hectares, um aumento de 2,4% em relação a 2018. Do total, a maioria (77%) é representada pelo cultivo de eucalipto, com 6,97 milhões de hectares (principalmente em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo), e 18% de pinus, com 1,64 milhão de hectares (oriundos principalmente da região Sul). As demais espécies são: seringueira (Mato Grosso do Sul), acácia (Rio Grande do Sul e Roraima), teca (Mato Grosso), entre outras.

O setor de árvores cultivadas inclui a fabricação de produtos de madeira e celulose, papel e seus produtos, painéis de madeira, pisos laminados e carvão vegetal para aço verde. 

O Brasil segue como referência mundial na produção de celulose. Em 2019, o País se manteve como segundo maior produtor, atingindo 19,7 milhões de toneladas fabricadas. O setor, além de gerar renda para o Brasil, tem atuação socialmente e ambientalmente responsável. 

Mais de cinco mil produtos 

Apesar de um ano desafiador, a contribuição do setor de árvores plantadas na balança comercial permaneceu significativa. Houve um saldo positivo de US$ 10,3 bilhões em 2019, o segundo melhor resultado dos últimos 10 anos. As exportações apresentaram um valor total de US$ 11,3 bilhões, uma queda de 8,7% puxada principalmente pela retração de 4,8% nos preços. Com o desempenho fraco da economia nacional País no ano – com crescimento de 1,1% após dois anos de recessão, a participação do setor no total das exportações nacionais praticamente permaneceu estável, oscilou de 4,5% para 4,3%, e manteve cerca de 10% de participação no total das  vendas externas do agronegócio.

O investimento em ciência e tecnologia trouxe ao setor soluções e produtos alinhados com a bioeconomia e baixa emissão de carbono. O resultado é que a árvore plantada e todos os seus subprodutos podem servir como matéria-prima renovável para a fabricação de aproximadamente cinco mil produtos.  Por exemplo, aqueles fabricados com celulose vão desde o papel até espessantes usados em sorvete, tanto industrial quanto caseiro; maquiagens e cosméticos; produtos de higiene pessoal, como pasta de dentes medicamentos; e tecidos. Outro uso é a viscose, tecido produzido a partir da celulose solúvel, que representa 7% do mercado. 

Um exemplo de investimento na melhoria dos processos, feito por algumas associadas da Ibá, é o desenvolvimento da tecnologia de extração de celulose nanocristalina (CNC), produzida 100% a partir de fontes renováveis para criar soluções de embalagens de papel mais sustentáveis. Com a produção da nanocelulose – divisão da fibra de celulose de cerca de 1mm de comprimento em partes por bilhão, é possível formar uma espécie de gel que pode ser aplicado em papéis, cimento, plásticos, tintas e tecidos, em substituição aos materiais oriundos do petróleo.

Os dados do Relatório redobram  as apostas de que esta é uma indústria nata da bioeconomia, com  produtos de origem ambientalmente correta, renovável, biodegradáveis e recicláveis.

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