O primeiro acordo para mercado de carbono sobre o Artigo 6 do Acordo de Paris foi assinado esta semana por Peru e Suíça. Depois de dois anos de negociações, o país da América do Sul receberá financiamento para projetos de desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que fornece créditos de carbono para a Suíça contabilizar uma redução de emissões.
Apesar de ainda haver diferentes visões dentro da ONU sobre como deve se dar a precificação global de carbono, os países estão liberados para fecharem acordos bilaterais. A ministra do Meio Ambiente do Peru, Kirla Echegarry, disse que o acordo é “um exemplo de como a cooperação entre os países pode facilitar o cumprimento de nossas metas climáticas e, ao mesmo tempo, trazer prosperidade e bem-estar para nossos cidadãos. ”
O CEBDS acredita que o Brasil também pode ser pioneiro na precificação de carbono, por meio da criação de um mercado para esta nova commodity. Para Marina Grossi, presidente do conselho, “o carbono será a nova commodity global em breve e o Brasil tem vantagens competitivas importantes nesse mercado”. A criação e o desenvolvimento de um mercado de carbono com o desenho e os incentivos corretos podem levar ao aumento de investimentos vinculados a tecnologias limpas no Brasil. O resultado será é a criação de novos empregos, a redução da poluição e o fortalecimento da economia brasileira – além, claro, da própria inovação tecnológica.
O modo como o planeta vai lidar com emissões, a transição para uma economia mais limpa e o preço do carbono são o pano de fundo de mudanças na economia da China, no Pacto Ecológico Europeu de 1,8 trilhão de euros e também nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A economia mundial se organiza para caminhar por um novo trilho.
No caso do primeiro acordo sob as regras do Acordo de Paris, as transações entre Peru e Suíça serão administradas pela fundação Klik, que foi criada pela lei suíça de CO2 para encontrar compensações de carbono de 35 a 54 milhões de toneladas até 2030. Os governos suíço e peruano determinarão quais atividades são elegíveis para gerar créditos de carbono.
A transição para a energia limpa faz parte das preocupações suíças, segundo Mischa Classen, co-head internacional da instituição. Em entrevista à Climate Home, ele disse que o governo suíço descartou investimentos em usinas nucleares e frisou que não há interesse em modernizar minas de carvão, nem em prolongar a participação do mineral e de petróleo e gás na matriz energética.
Segundo Classen, o governo suíço mantém negociações e pode assinar novos acordos com outros países. Além de Gana, que está em primeiro lugar, também há diálogo com Argentina, Chile, México, Marrocos e Tailândia.